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terça-feira, 11 de setembro de 2012

O Antigo Egito (Ismael Gobbo) X – O Papiro e a Flor-de-Lótus




Duas plantas símbolos

     Os antigos egípcios, sem dúvida, não economizaram palavras e ilustrações que possibilitassem conhecer, com riqueza de detalhes, seu quotidiano sob os mais variados e interessantes aspectos.
     Com efeito, quem visita os seus sítios arqueológicos, fica impressionado com a gama de escritos e pinturas que cobrem as superfícies dos seus monumentos, demonstrando toda sua técnica e apurado bom gosto.
     Para facilitar ainda mais esse belo e rico trabalho informativo, o gênio egípcio encontrou uma outra forma, muito cômoda, para transmitir sua cultura à posteridade: a escrita sobre papiros, muitos dos quais, felizmente, chegaram intactos até nossos dias.
     Tão importante foi para eles a descoberta daquele tipo de papel que a planta do qual provém a matéria-prima necessária ao seu fabrico tornou-se sagrada e cultuada, transformando-se em símbolo da antiga civilização do Baixo Egito.
     Também consagrada foi a flor de lótus, que passou a ser símbolo do Alto Egito.
     Nos momentos do Egito unificado, quando sob a tutela de governante único, o valor atribuído a essas duas plantas torna-se de evidência insofismável.
     Com efeito, além do mandatário ostentar as duas coroas, é comum o papiro e o lótus aparecerem retratados lado a lado nas pinturas, desenhos e obras de arte. Esse zelo bem demonstra o valor e o respeito que os egípcios devotavam ás plantas, particularmente para essas duas que tão de perto lhes falavam.
    
O Papiro

     É a planta da qual os egípcios retiravam as fibras necessárias à produção do papel utilizado para as suas escritas.
     Ainda hoje, embora em menor escala, o papiro continua a ser cultivado em algumas áreas com o objetivo de abastecer de matéria-prima os fabricantes de papiro turístico nos chamados “museus do papiro”. (*)
     Essas casas, além de confeccioná-los e vendê-los, fazem aos turistas demonstrações de sua fabricação e executam trabalhos artísticos sobre suas belas superfícies.
     Trata-se de uma planta que se desenvolve com muita facilidade em áreas alagadas.
     Foi por isso que se tornou símbolo da região Norte, onde se situa o Delta, a região agrícola por excelência.
     Seu formato serviu de inspiração para as grandes colunas dos templos e palácios, que se apresentam nos capitéis sob duas formas: botão, ou fechado, e aberto, ou umbelas. As colunas nesses estilos são chamadas de tipo “papiriforme”.
     Como que simbolizando a juventude ou estado de contentamento (e o desenho hieróglifo significa verde), o papiro era particularmente recomendado à apresentação á deusa Hathor e servia como um cetro mágico utilizado por várias divindades, inclusive a gata-deusa Bastet.
     O talo do papiro colhido tinhas várias destinações: manufatura de roupas, calafetação de barcos (posteriormente substituído por um tipo de capim), construção de barcos ou canoas a remo, e, como finalidade mais nobre e tradicional, a confecção do papel que leva seu nome. A planta na fase de corte atinge de dois a quatro metros de altura.
     O caule, de configuração triangular, é seccionado em pedaços de aproximadamente 45 centímetros de comprimento, a casca verde retirada e o material interior, muito branco e esponjoso, constituído por películas concêntricas, transformado em tiras de aproximadamente 5 centímetros de largura por 0,5 centímetro de espessura. Mergulhadas as tiras em água por aproximadamente uma semana, são, em seguida, marteladas para rompimento das fibras, trançadas vertical e horizontalmente e, a seguir, submetidas à prensagem por mais uma semana.
     Ao final do período se obtém uma folha já seca, resistente e leve, que, com a finalidade de manterem-se inalteráveis, recebem um último tratamento à base de fricção com óleo de Cedro. 
     As folhas do papiro prontas, geralmente quadradas, eram emendadas e podiam ser transformadas em longas folhas, que, enroladas de forma tradicional, apresentavam o lado chamado de direito para ser escrito.
     O verso do papiro, que, via de regra ficava em branco, foi, muito amiúde, utilizado pelos pobres que não tinham acesso ao papiro virgem. Isso foi detectado em algumas vilas de trabalhadores, como em Deir-el-Medina.
     O uso do papiro continuou ao longo do período Greco-Romano e no Califado Islâmico, até a introdução do papel de pano, originário do Extremo Oriente, por volta do 8º. ao 9º. século d.C.
     No Museu do Cairo, além dos da Europa, como os do Louvre, Britânico e de Turim, existem importantes coleções de papiro que versam sobre poesia, matemática, astronomia, história, geografia, etc.
     O estudo sistemático desses textos fez surgir a papirologia, ciência especializada e de muita relevância para a paleografia e a filologia.

A Flor de Lótus

     Trata-se de uma flor aquática muito utilizada na ornamentação de espelhos d’água e que encontra similares muito parecidos em lagoas de nosso país. No Egito, da mesma forma que o papiro, era abundantemente encontrada às margens do Nilo e de seus canais. Era, com certeza, muito cultivada nos lagos sagrados e nos jardins dos templos e palácios.
     Além daquela utilização, Heródoto, historiador grego do século V a.C, legou-nos a informação de que a sua medula era utilizada como produto comestível.
     Sua configuração foi inspiradora das colunas tipo “lotiforme”, muito freqüentes nas belas construções de Luxor e Carnac, a antiga e esplendorosa Tebas.
     À época faraônica, eram encontrados dois tipos de Lótus: a “nymphaea branca”, ou Lótus branco, e a “nymphaea caerulea azul”. Tempos mais tarde surge um terceiro tipo, maior, a “nymphaea nelumbo”, que foi trazida da Índia.
     O Lótus azul aparece muitas vezes retratado diante do nariz de pessoas e animais, sobretudo no Novo Império, demonstrando sua graça e beleza, além de fazer rescender sua agradável fragrância. Nas imagens das tumbas, onde o morto se apresenta aos deuses, é comum ver-se a flor do Lótus presente no altar das ofertas, ou na decoração do próprio ambiente.
    
Próxima artigo: A Religião dos egípcios

File:AmarnaPalacePainting-BrooklynMuseum.png

Flor de Lótus em espelho d’água  no Museu do Cairo. Foto Ismael Gobbo
A Torre do Cairo, à margem do Rio Nilo. Executada em concreto,  retratando a 
Flor de Lótus. Cairo, Egito. Foto Ismael Gobbo
Plantação de papiro na região de Deir-el-Bahari, no Egito. Foto Ismael Gobbo

Descascando o Papiro para preparar as tiras. Demonstração em um museu de
 papiro no Cairo, Egito. Foto Ismael Gobbo

As tiras de Papiro sendo trançadas para serem colocadas numa prensa. 
Cairo, Egito.  Foto Ismael Gobbo 
O papiro na prensa. Museu do papiro, Cairo, Egito. Foto Ismael Gobbo
Folha de papel de papiro já pronta, confeccionada artesanalmente. Cairo, Egito.
 Essas folhas as vezes eram  emendadas para  formar os extensos rolos dos “Livro dos Mortos”
Foto Ismael Gobbo
Papiro conservado no Museu Egipcio de Turim, Itália
Ficheiro:Egypt bookofthedead.jpg
Detalhe do Livro dos Mortos do escriba Nebqed, que viveu sob o reinado de Aménofis III (1391-1353 a.C.), durante a 18ª. Dinastia. Acompanhado pela mãe e pela esposa,  Nebqed se apresenta diante de Osíris, o deus dos mortos. Museu do Louvre, Paris, França.
Coluna “Papiriforme” em templo egipcio de Carnac. Foto Ismael Gobbo
Moderno monumento em forma de Flor-de-Lotus na represa de Assuã, Egito.
Foto Ismael Gobbo
A Caixa D’Água da cidade de Ilha Solteira, no estado de São Paulo, divulgada como em formato de taça, lembra as colunas papiriformes egípcias. Foto Ismael Gobbo