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domingo, 29 de janeiro de 2012

Focalizando o Trabalhador Espírita (124) José Reis Chaves

José Reis Chaves

Nosso entrevistado José Reis Chaves é escritor e orador espírita residente em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Tendo sido seminarista, Reis Chaves se aprofundou no estudo da Bíblia e hoje, como espirita, aproveita seus amplos conhecimentos dos temas bíblicos para compará-los com a doutrina espírita. Com isto, tem vários livros editados, escrito artigos para jornais e revistas, participado de programas de rádio e TV e realizado conferências e seminários por todo Brasil. Uma ótima e esclarecedora entrevista é o que José Reis Chaves gentilmente nos oferece.

Caro amigo de ideal José Reis Chaves, pode nos fazer sua autoapresentação?

Sou filho de João Rodrigues dos Reis Milagres e Ana Milagres Chaves. Somos 8 irmãos, 2 homens e 6 mulheres. Nasci em 4 de julho de 1935, em Joselândia, Município de Conselheiro Lafaiete, MG. Hoje Joselândia pertence ao Município de Santana dos Montes, MG. Mas fui criado na cidade de Conselheiro Lafaiete. Fui para o seminário com 15 anos, em Congonhas, MG. Sou casado com Justina Ines Valandro com a qual tenho 2 filhos, Camila e Tiago, ambos engenheiros. Do primeiro casamento tenho os filhos Lilian, Marcia e Ricardo, que é professor de direito.

Qual a sua formação acadêmica?

Estudei para padre Redentorista e me formei em Comunicação e Expressão (professor de português e literatura) na PUC-Minas.

Como você conheceu o Espiritismo, e desde quando o frequenta?

Eu sou de uma família muito católica, daí eu ter ido estudar para padre, e sempre fui muito interessado por assuntos espiritualistas. E as questões espíritas, aceitas ou refutadas, estão sempre presentes na vida das pessoas. A reencarnação, por exemplo, é um assunto que incomoda todo mundo, não importando de que religião a pessoa seja. A mim, por exemplo, ela incomodava muito. Ataquei-a muito, mas no íntimo, eu tinha minhas dúvidas. E me perguntava será que ela não existe mesmo? Por isso, fiquei uns dois anos pesquisando-a na Bíblia, na qual encontrei textos que a sugestionam e alguns que falam claramente sobre ela. E minha convicção foi tão forte, que acabei escrevendo um livreto intitulado “Renascimento da Reencarnação”, Ed. SER, Brasília, DF. Com esse livro, eu queria dizer que a reencarnação, que já pertenceu ao cristianismo primitivo, estava renascendo no cristianismo, de que eu próprio era um exemplo disso, já que eu era muito católico. Depois, eu descobri os fenômenos mediúnicos na Bíblia, denominados por são Paulo de dons espirituais. E a descoberta da reencarnação e desses fenômenos mediúnicos na Bíblia me fez tornar de vez um espírita, há mais ou menos 15 anos.

A qual casa a está vinculado presentemente, e quais atividades que nela desenvolve?

Estou mais ligado à Fraternidade Espírita Caminheiros da Luz, de Belo Horizonte, e, também, onde faço um estudo semanal da Doutrina Espírita com o respaldo bíblico para um grupo de estudiosos do Espiritismo. Também no Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo, em Santa Luzia, MG, que fica na Região Metropolitana de Belo Horizonte, eu faço, além de palestras, gravações de programas radiofônicos para 162 emissoras de rádio de cidades de todos os Estados do Brasil. E nesta instituição Eurípedes Barsanulfo, eu colaboro também, como revisor e apreciador de obras para a Editora e Distribuidora de Livros Espíritas Chico Xavier.

Faça-nos, por favor, uma síntese de sua trajetória pelo movimento espírita durante esses anos, demonstrando-nos seu trabalho em livros, a sua divulgação do Espiritismo, detalhando melhor esse assunto nas perguntas abaixo.

Desde quando me tornei espírita, eu tenho participado de muitos programas de rádio e TV, em Minas e outros Estados, e feito palestras e seminários em várias cidades brasileiras. E tenho também alguns DVDs gravados.

Quais os livros espíritas de sua autoria?

“A Reencarnação na Bíblia e na Ciência”, 8ª Edição, e “A Face Oculta das Religiões”, ambos da Ed. EBM, editados anteriormente pela Ed. Martin Claret. Outros livros são “A Bíblia e o Espiritismo”, do Espaço Literarium, da Ed. Atualizar Direito, de BH; “O Espiritismo Segundo a Bíblia”, 2ª Edição, Ed. Chico Xavier; “Presença Espírita na Bíblia”, Ed. Sinal Verde, SP, etc. E tenho, há 11 anos, às segundas-feiras, uma coluna no diário O TEMPO, de Belo Horizonte, que pode ser lida também em www.otempo.com.br (Procurar o item “Todas as colunas”). No final de cada matéria, há um espaço para comentários dos leitores, espaço esse que se tornou um verdadeiro fórum de religiões, em que o Espiritismo tem sido muito defendido por leitores espíritas, inclusive de outros países, com grande vantagem sobre os detratores do Espiritismo.

Pode nos sintetizar os assuntos de que tratam?

Minhas atividades espíritas em livros, artigos, palestras, seminários, rádio, TV, DVDs. Têm um enfoque especial bíblico. Antes deu eu ter abraçado o Espiritismo, eu usava a Bíblia para ataca-lo. Hoje, eu faço o caminho inverso: Eu uso a Bíblia para defendê-lo. Creio que isso é importante, porque os adversários religiosos da Doutrina Espírita usam exatamente a Bíblia para atacá-la.

Na Introdução de o Evangelho Segundo Espiritismo, Kardec nos diz que o Espiritismo se nos depara por toda parte na antiguidade e nas diferentes épocas da história da humanidade. Como especialista em assuntos bíblicos, diga-nos onde o Espiritismo pode ser visto na Bíblia.

Ismael, quando Moisés, no capítulo 18 de Deuteronômio proíbe que os judeus se comuniquem com os espíritos dos mortos, devemos atentar para o fato de que essa própria proibição de Moisés nos prova que existe esse contato. Ademais, a autoria dessa proibição é de Moisés e não de Deus. Não podemos confundir as 613 leis mosaicas com as leis divinas. Essas leis mosaicas são uma espécie de constituição do povo hebreu da época do Velho Testamento. Algumas delas são até contrárias as leis de Deus. Moisés, por exemplo, manda matar os adolescentes rebeldes (Deuteronômio 21: 21), o que é contra a lei de Deus. E Moisés proibiu o contato com os espíritos dos mortos, que, na verdade continuam vivos, porque o povo não estava preparado para esse contato. Por isso, ele aprovou o contato com os espíritos que fizeram Heldade e Medade, pois Moisés sabia que eles eram médiuns especiais e estavam, pois, preparados para esse contato. (Números 11: 24-30). Diz-nos a Bíblia Católica que Samuel profetizou até depois de morto. (Eclesiástico ou Siracides 20: 46). Ora, se ele profetizou depois de sua morte, é porque ele se manifestou depois de estar no além.

Temas como a reencarnação, a pluralidade dos mundos, a Lei de causa e Efeito, a comunicabilidade com os espíritos, dentre outros, fizeram parte das crenças e religiões dos povos antigos?

A crença na reencarnação, embora para algumas civilizações ela fosse, às vezes, em forma de metempsicose, que nós espíritas não aceitamos, todos os povos antigos: egípcios, indianos, gregos, indígenas etc. adotaram-na como explicação para a sobrevivência do espírito imortal. Também a comunicação com os espíritos dos mortos e a Lei de Causa e Efeito, doutrina que mais claramente e de modo convincente explica a Justiça Divina, estavam presentes em todos os povos antigos. Por isso, a Bíblia as menciona, várias vezes, tanto no Velho como no Novo Testamento. E a crença na pluralidade dos mundos sempre foi também uma constante na vida de todos os povos, obviamente variando os conceitos desses mundos para cada povo.

Você acredita que foi real o chamado milagre da transformação da água em vinho por Jesus nas Bodas de Caná?

A Bíblia está cheia de metáforas. E não querendo entrar no grupo dos exegetas que abusam das interpretações metafóricas dela, eu não descarto a possibilidade de que esse episódio denominado de o primeiro milagre de Jesus possa ser uma metáfora no sentido de que Jesus quis se mostrar solidário e participante das alegrias daquele casamento. Reforçam essa hipótese dois fatos: a presença da Mãe de Jesus naquela festa de casamento, e o seu próprio interesse demonstrado para que houvesse a transformação da água em vinho, pois ela dá instruções aos empregados para cumprissem as instruções de Jesus. Porém, além dessa hipótese de metáfora de solidariedade e de participação demonstradas por Jesus, admito também que possa ter havido de fato o fenômeno da transformação da água em vinho, o que está de acordo com os postulados espíritas, que nos ensinam a respeito dos fenômenos mediúnicos de materializações, ectoplasmia e de transmutação da matéria. Essa interpretação literal está, pois, de pleno acordo com a Doutrina Espírita que, aliás, considera esse fenômeno das Bodas de Caná, tomado em seu sentido literal, mas que não é visto como sobrenatural ou, como se diz, milagroso, e sim, como natural. Tenho dito muito que é superstição considerar esses fenômenos mediúnicos como sendo sobrenaturais.

Teria Jesus sido tentado pelo satanás na forma como descrita nos Evangelhos?

Os teólogos antigos e muitos ainda da atualidade fazem uma confusão dos diabos com o diabo. Na verdade diabo e satanás (diabolos em grego) não são espíritos, mas adversários, ou seja, nossos pecados ou faltas. Demônios (“daimones” em grego), sim, são espíritos, mas como nós espíritas sabemos, são espíritos humanos, e não outra categoria de espíritos. Espíritos bons não atormentam as pessoas. Por isso, todo demônio que Jesus tirava das pessoas era mau (atrasado). Daí que as pessoas passaram a entender que todo demônio é mau, o que é errado. Há também os demônios bons e até santos, que só fazem o bem. Platão foi chamado de demônio divino. E Sócrates dizia que seu demônio o protegia. E um detalhe, Jesus tirava demônios das pessoas, mas nunca tirou satanás, diabo, satã, serpente e dragão!

Agora, sobre a tentação de Jesus, poderia ser de um espírito (demônio), mas como o texto diz, pode ter sido também de satanás ou diabo (desejo de cometer um erro, falta), isto é, tentação para satisfazer ao ego. Mas Jesus não caiu na tentação. E é o que pedimos no Pai Nosso para que não caiamos na tentação. Ser tentado, pois, é normal. A gente não pode é cair na tentação. E essa passagem bíblica mostra-nos uma questão interessante, ou seja, que Jesus é de fato um homem, pois, se Ele fosse Deus, não seria jamais tentado.

E sobre a estrela de Belém?

A Estrela de Belém, como os astrônomos afirmam, não foi um fenômeno astronômico. Com mais razão e em consonância com a Doutrina Espírita, podemos dizer que foi um fenômeno mediúnico em forma de luz, como é muito como é muito comum os espíritos se manifestarem em forma de luz, relâmpago, clarão, tocha etc. Cito aqui o fenômeno da sarça ardente no Monte Sião. E, para terminar, este outro do Apocalipse 4: 5: “Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e diante do trono ardem sete tochas de fogo, que são sete espíritos de Deus”.

Você acredita que as ideias cristãs espíritas possam ser assimiladas por povos que engrossam outras correntes religiosas?

As ideias espíritas estão presentes entre todos os povos, como já foi dito. Desde que o mundo existe, os espíritos têm se manifestado. Aliás, primeiramente, as pessoas descobriram os espíritos através dos médiuns. Daí surgiu o politeísmo ou crença em muitos deuses, pois como acontece até na Bíblia, as pessoas confundiam os espíritos com o Espírito do próprio Deus. A crença nas ideias espíritas é, pois, inata. Ela está, podemos dizer, no inconsciente coletivo das pessoas. Léon Denis disse uma grande verdade: “O Espiritismo não é a religião do futuro, mas o futuro de todas as religiões”. De fato, podemos afirmar que, hoje, todas as religiões, inclusive as cristãs, têm adeptos das ideias cristãs do Espiritismo. E nisso, merece destaque a Igreja Católica, cuja doutrina da “Comunhão dos Santos” é espírita e que, justamente por isso é um dos dogmas da Igreja. Aqui, pois, o dogma é a favor do Espiritismo.

E você acredita que o movimento espírita vai bem?

O Espiritismo cresceu muito no Brasil. Por isso, temos correntes que fogem da essência doutrinária espírita. Mas essa essência doutrinária prevalecerá. Lembro aqui que as religiões divergem por suas questões secundárias, mas são unidas nas questões essenciais. Devemos primar pela pureza da nossa querida Doutrina codificada por Kardec. Mas devemos evitar o radicalismo religioso de qualquer espécie, pois é esse radicalismo que mais divide as religiões e até anula a característica principal das religiões, que é o amor a Deus, que passa pelo crivo do amor aos nossos semelhantes de modo irrestrito e incondicional, como nos ensinou o Mestre dos mestres, amor até para com os nossos inimigos.

Suas palavras finais aos nossos leitores.

Agradeço a você, Ismael, por me ter dado a oportunidade dessa entrevista, e a todos os que me honrarem com sua leitura. E que Deus, Jesus e Maria abençoem a todos nós.

José Reis Chaves em 1971 no documento de inscrição

Para o vestibular da Universidade Católica de Minas Gerais

Sr. João, pai de José Reis Chaves em foto de 1980

José Reis Chaves com a mãe, dona Ana, em foto de 1995

José Reis Chaves com sua irmã mais velha em 2002

José Reis Chaves acolitando a única neta, Bianca, em 2005

José Reis Chaves proferindo palestra no FEIG- Fraternidade Espírita

“Irmão Glaucus” em Belo Horizonte, MG

Festa em familia de José Reis Chaves no ano de 1998. Lilian, filha, a ex-esposa Vanilda, a filha Márcia, José Reis Chaves e o filho Ricardo

José Reis Chaves em Salvador, no ano de 2000

José Reis Chaves e a esposa Justina Ines Valandro

José Reis Chaves com os filhos Camila e Tiago no ano de 2002

José Reis Chaves participando do programa de rádio de Jair Fabre,

que não aparece na foto, na cidade de Mar de Espanha, MG.

Ao seu lado uma espírita do Rio de Janeiro que também participou do programa.

José Reis Chaves na Bienal do Rio de Janeiro, 23/5/2003

José Reis Chaves no ano de 2003, sendo entrevistado pelo SBT durante o

19º. Congresso Espírita do Estado de Goiás, no qual foi um dos expositores

José Reis Chaves em palestra no C.E. Francisco de Assis, em Araçatuba, SP Foto Ismael Gobbo

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