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terça-feira, 18 de setembro de 2012

O Antigo Egito (Ismael Gobbo). XI– A Religião dos Egípcios




Alguns estudiosos contestam  a tese dos que afirmam terem os antigos egípcios professado o politeísmo puro.
     Para suporte desse entendimento, valem-se das informações que existem fazendo referência a uma entidade superior que reinaria sobre todas as demais.  Assim, inobstante a abundância dos chamados deuses que faziam parte do  panteão egípcio, na realidade estes não passariam de agentes daquele ao qual se subordinavam para realizar suas atribuições especificas.
     O costume de associar os acontecimentos do dia-a-dia aos objetos, animais, plantas, pessoas ou agentes da natureza foi uma marca indelével nos rituais religiosos dos egípcios.
     Assim, por exemplo, Osíris, um dos mais cultuados, é associado à figura de um rei, provavelmente legendário, que governara o Egito. Diz a tradição que Osíris, rei civilizador, assassinado pelo seu invejoso irmão Set, teria recebido da fiel esposa Ísis, com o concurso de Anúbis, as técnicas da mumificação com a finalidade precípua de ser mantido vivo e continuar reinando no mundo dos mortos.
     A vida pregressa do rei Osíris teria sido analisada e tida como exemplar, motivo pelo qual,  a partir de então,   os egípcios passaram a cultuá-lo como o mais popular dos deuses funerários, que presidiria o tribunal de julgamento de tantos quantos deixassem a Terra.
     Com isso, Osíris é visto frequentemente retratado no tribunal na condição de rei, e Anúbis, com sua cabeça de cachorro, guardando os sepulcros, uma das maiores preocupações dos egípcios.
     Da mesma forma que o cão foi associado à função de guardião, tarefa que esse animal desempenha com soberba eficiência, outros agentes, segundo suas potencialidades, foram obtendo correspondências que facilitassem a associação, ensejando, nos cultos, conforme pensavam, uma melhor concentração, fosse para louvar, pedir ou agradecer.
     O Sol é a representação mais freqüente daquele ser supremo em quem acreditavam, aparecendo em muitas cenas espargindo seus raios diretamente sobre a Terra; noutras, está postado entre os chifres das deusas Hathor ou Ísis. Essa fase está muito documentada no Novo Império, sobretudo sob o reinado de Aquenáton ou Amenhotep IV, considerado um faraó monoteísta.  O Sol, Áton,  inspirou belíssimos poemas que aparecem sob a forma de hinos ou orações, sempre lhes sendo externadas as mais expressivas reverências.
     Também por intermédio das informações que os egípcios legaram á posteridade é possível apreciar uma evolução nas suas concepções religiosas ao longo do tempo. Começaram com as cerimônias primitivas, de inicio marcadas por cultos restritos a objetos. Posteriormente, palmilharam pelas formas animais, humanas e híbridas; exercitaram o embalsamamento dos corpos e, como corolário, introduziram o chamado Livro dos Mortos, um belo repositório de informações ilustradas, verdadeira resenha a retratar o que os egípcios faziam no seu dia-a-dia e o que pensavam encontrar depois da morte.   
        
A Religião

     As práticas religiosas sempre foram objeto de grande preocupação por parte dos egípcios e eram constituídas de normas disciplinadoras e obrigatórias controlada pelo Estado. Nesse contexto a figura do faraó, difundido como verdadeiro deus e merecedor da  reverência irrestrita dos súditos, assumiu no campo religioso uma relevância tal que, provavelmente, essa tarefa exigisse do rei atenção maior que todas as outras atribuições do cargo, inclusive as dos campos político e econômico.
     Entre outras obrigações religiosas, o mandatário supremo devia fazer construir as suas moradas neste mundo e edificar os templos, para os quais devia canalizar atenção e zelo diários, através dos banquetes de ofertas, toalete, libação ou fumigação dos incensos. Na impossibilidade de estar simultaneamente em todos os templos que se espalhavam pelo país, se utilizava dos altos sacerdotes, que passaram a ser conhecidos como “servidores de deus”.
O faraó é muitas vezes retratado sozinho dialogando com os deuses, recebendo pelos seus bons préstimos as bênçãos da aprovação em forma de prosperidade, vida, força e saúde, condições indispensáveis para manter a segurança e boa ordem no mundo, sua responsabilidade principal.  Nos recônditos dos templos e nas cerimônias secretas cultuam a imagem do deus que não podiam  expor ao vulgo, senão nas grande cerimônias, quando, então, é puxada por um barco que desliza pela turba em regozijo.
Esse sentimento religioso de crença em um ser superior se difundiu pelo Egito. Em Mênfis era chamado de Ftá; em Heliópolis, de Rá; em Tebas, Amon; em Elefantina, Khnoum.  Outra constatação é a do agrupamento desses deuses em famílias, como se verifica nas famosas tríades: em Tebas, formada por Amon, a esposa Mut e o filho Khonsu; a de Abidos, considerada a principal, com Osíris, Ísis e Hórus; a de Mênfis com Ftá, Sekhmet e Nefertum. O costume foi adotado pelos gregos e romanos, povos que assimilaram muitas tradições religiosas do Egito e que acabaram por adotar suas tríades, em Roma cultuadas nas figuras de Júpiter, Juno e Minerva.  

Os dogmas dos egípcios

     O Livro dos Mortos e os rituais ligados à mumificação dão provas insofismáveis de que o dogma da ressurreição era um dos pilares sustentadores do arcabouço religioso dos egípcios. Acreditavam que a alma voltaria e, para tanto, deveria encontrar em ordem o corpo e seus pertences. Tinham perfeita noção de justiça,  das  penas e recompensas, motivo pelo qual pregavam a necessidade de uma vida pautada pela retidão.
     Nas cenas pictóricas da psicostasia, onde o coração do morto é pesado, deixam registradas a certeza de que todos haveriam de passar pelo tribunal de Osíris, que avaliaria as condutas e definiria os merecedores dos Campos Elíseos.
    Os egípcios acreditavam nos oráculos, ou seja, na possibilidade do recebimento de revelações dos mortos, prática freqüente também na Grécia e em Roma. Esse exercício era tão comum que o abuso teria ensejado a Moisés proibi-lo aos hebreus que se encontravam cativos no Egito. Admitiam que a Alma, comportando várias partes, uma delas o “Ba”, tinha como sair do túmulo para freqüentar os diversos locais da vida terrena, inclusive  rever o seu lar, na forma de um pássaro com cabeça humana.
     Não resta dúvida de que, embora as tradições egípcias mantivessem uma extensa lista de deuses, terem se utilizado sobejamente de cerimônias que não dispensavam comidas, bebidas, incensos, amuletos e suas fórmulas mágicas, as suas  manifestações mais sutis, sobejamente retratadas nos seus textos sagrados, levam  especialistas a esposarem a tese de que a crença monoteísta já era uma realidade na terra dos faraós.  

Próxima artigo: A Mumificação e os Funerais
 
Entrada de sepultura subterrânea no Vale dos Reis, região da antiga Tebas, Egito.
Foto Ismael Gobbo
O disco solar  entre os chifres da deusa Ísis, ou Hathor.
Templo de Isis em Filé, Egito. Foto Ismael Gobbo
Ficheiro:Egypte louvre 047 stele.jpg



Peça egípcia no Museu do Louvre mostra um humano servindo a Rá
Imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/R%C3%A1 Acessada em 11/9/2012
Ficheiro:Hermitage Egyptian statuettes.jpg
Tríade Osíris, Ísis e Hórus
Coleção egícpia do Museu Hermitage. St. Petersburg, Rússia.
Ficheiro:BD Weighing of the Heart.jpg
Livro dos mortos de Ani, pesagem do coração
Ficheiro:Abu Simbel, Ramesses Temple, front, Egypt, Oct 2004.jpg
Templo de Ramsés em Abu Simbel. Egito.
Acessada em 11/9/2012


Ficheiro:GD-EG-Caire-Musée092.JPG 
Uma Mesa de oferendas do Antigo Egito. Museu do Cairo.
File:Egyptian funerary figurines louvre.jpg
Figuras funerárias do Antigo Egito. Museu do Louvre Paris.
Acessada em 11/9/2012 
A familia real com Aquenáton, Nefertiti e seus filhos. 
Novo Império, 18ª. Dinastia. Staatliche Museen zu Berlin   
O faraó Aquenáton e sua familia adorando a Áton.
 O famoso faraó da 18ª. dinastia é tido como cultuador do  monoteísmo
Imagem: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Aten_disk.jpg acessada em 13/9/2012
A cidade de Luxor, à esquerda, vista da margem em cujas proximidades se encontra o Vale dos Reis
com as famosas necrópoles da época faraônica. Foto Ismael Gobbo
Howard Carter. Arqueólogo e egiptologista inglês que descobriu a tumba
do Faraó Tutancâmon, no Vale dos Reis, da antiga Tebas, no ano de 1922.
Cidadãos egipcios em uma rua de Luxor. Foto Ismael Gobbo










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