Quanto vale um nome?

Dr. Adolfo Bezerra de Menezes

Pintura por Nair Camargo, SP

Ele nasceu em Riacho do Sangue em 29 de agosto. É cearense como o Didi e Tom Cavalcante. Também migrou para a cidade maravilhosa onde estudou e trabalhou.

“Meu Deus” - já está pensando o leitor: “quem é esta pessoa? Adianto que a sua vocação para a Medicina o levou a caminhos muito interessantes. Durante o curso de graduação em Medicina passou por dificuldades econômicas, todavia, formou-se aos 24 anos, indo para o exército onde se tornou Tenente Cirurgião.

Ele atravessou momentos de glória e derrota, como todos nós, mas se manteve idealista até o fim. A história deste grande brasileiro tem 180 anos. A política o fascinou durante uma fase da vida. Consagrou-se como Deputado da Corte Federal aos 36 anos, lutando principalmente pela construção da estrada de ferro que une Macaé a Campos. Por que nossos políticos ainda refutam a idéia de colocar o Brasil nos trilhos?

É fato histórico que em seu velório, no ano de 1900, pobres e ricos, políticos e eleitores se acotovelavam disputando uma posição próxima ao caixão do velhinho de barba branca, com 69 anos. A cidade do Rio de Janeiro parou!

Ele não possuía bens, mas seu nome corria de boca a ouvido como a brisa da praia de Copacabana. Como explicar a popularidade de seu nome se não havia rádio, televisão ou telefone para divulgar seus feitos? Como pode um nome atravessar quase dois séculos de popularidade?

Este brasileiríssimo empresta seu nome para centenas de instituições no Brasil e no Mundo que celebram a caridade e benevolência.

Hoje, todo mundo procura se associar a alguma ação que traga benefícios ao ser humano e à natureza. Do Green Peace à Fundação Mc Donald´s ajudar é o lema. Mas nada disso era importante em 1831.

Estamos nos referindo a Bezerra de Menezes. Aos 55 anos ganhou um exemplar de O Livro dos Espíritos e, no caminho para casa, em uma viagem de bonde, refletiu: “Ora Deus, não irei para o inferno só por ler isto!” A obra lhe causou tal impacto que ele passou do ponto em que deveria descer.

Fato parecido inspirou o Diretor André Marouço, recentemente. Há uma cena muito linda no “Filme dos Espíritos”, que será lançado no dia sete de outubro, onde um homem está prestes a saltar de uma ponte para por fim a sua vida, quando um gari lhe presenteia com O Livro dos Espíritos. O destino daquele homem também mudou! (ver youtube http://www.youtube.com/watch?v=dDpxq675FGg).

A partir dessa leitura, a vida de Bezerra de Menezes tornou-se um verdadeiro voluntariado em favor do bem coletivo. Poderíamos compará-lo a um empreendedor social nos dias de hoje. Dedicou-se à Federação Espírita Brasileira (FEB), cuja sede foi no Rio de Janeiro durante vários anos. Prosseguiu atendendo em seu consultório, numa época em que não existia SUS ou qualquer outro convênio médico, num Brasil mais pobre e mais doente. Sua fama se espalhou, pois ele atendia incansavelmente: alguns pacientes podiam pagar consultas, a maioria não. Logo ficou conhecido como O médico dos pobres.

Para o Espiritismo, seu grande legado foi a “união” ou unificação das células que estavam esparsas e o direcionamento para o trabalho social de socorro aos necessitados.

Após a morte, Dr. Bezerra de Menezes não se tornou casamenteiro como o querido Santo Antônio, nem cantor das belezas universais como o humílimo São Francisco de Assis, mas calou forte no chamado inconsciente daqueles que adoecem do corpo e da alma. Um dia, Chico Xavier, estando doente dos olhos, mentalizou-o pedindo-lhe ajuda. Dr. Bezerra de Menezes prontamente se apresentou ao médium mineiro, dizendo: “Se você, Chico, se diz uma besta que precisa de socorro, quem sou eu que estou te tratando?” – Você, Dr. Bezerra, é o veterinário de Deus! De humílimo para outro...

Matéria publicada na Folha da Região de Araçatuba

Dia 31 de agosto de 2011

Osvaldo Magro Filho

Morro do Corcovado, Rio de Janeiro, Século XIX. Imagem http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Corcovadoporferrez.jpg