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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O suicídio que não se consumou

Wellington Balbo – Bauru - SP

Maria Julia, jovem bonita de 19 anos certo dia bateu exasperadamente na porta da sala da diretora da escola, a Dona Clotilde. Sabia que a diretora era mulher generosa, amiga e sempre ouvia os alunos em seus problemas. Por isso mesmo sentira um ímpeto incontrolável e a procurara. Precisava desabafar, pois enfrentava problemas de diversas ordens e o desespero começava a assolar sua alma inquieta e indecisa, porquanto Maria Julia era criatura muito ansiosa e, não raro, fazia dos mínimos percalços grandes e intransponíveis problemas.

Na família nada caminhava bem. Seus pais brigavam constantemente e estavam em vias de se separar.

Seu namoro também ia de mal a pior. Não sentia mais a empolgação de Leonardo – seu namorado - por ela, e certamente o fim estava próximo.

Além de tudo Maria Julia deparava-se com a cobrança de seus pais que mesmo brigando entre si a sufocavam com a escolha da profissão a seguir. Sua mãe constantemente questionava:

- Já escolheu qual o curso que irá prestar no vestibular, Maria Julia?

- Tenho algumas dúvidas, mãe, ainda não sei ao certo.

- Então decida logo, menina!

O pai não deixava por menos e era justamente apenas nas cobranças à Maria Julia que ambos concordavam:

- Isso mesmo, menina. Decida-se logo, pois não irei pagar mais um ano de cursinho para você.

E foi nesse clima íntimo que a jovem buscou apoio na diretora da escola.

Dona Clotilde, mulher experiente em lidar com problemas, ao escutar o insistente TOC, TOC, TOC, informou:

- Pode entrar.

Maria Julia abriu vagarosamente a porta e seus olhos encontraram o bondoso olhar de Dona Clotilde.

- Ora, ora, mas veja que é nossa querida Maria Julia. A que devo visita tão honrosa.

Ao ouvir aquilo a garota sentiu-se acolhida e foi em prantos que narrou seus dilemas existenciais para a diretora.

Dona Clotilde nada dizia, emprestando um pouco de sua atenção àquela criatura carente. Após ouvir os apelos e desabafos de Maria Julia, Dona Clotilde pôs-se a fazer algumas considerações adequadas.

Disse à jovem sobre sua importância na sociedade, falou de suas potencialidades a desenvolver e da relevância de encarar os obstáculos da vida como fases significativas para o amadurecimento como ser humano.

Enfim, a nobre diretora encorajou Maria Julia a superar toda aquela situação.

Após 1 hora de conversa embalada por grande respeito e afeição, Maria Julia despediu-se mais animada. Sim, tudo na vida teria solução desde que ela encarasse os desafios de frente e não fugisse deles.

Ao chegar em casa mais aliviada e sentindo-se outra pessoa, a jovem tratou de jogar no lixo todos os remédios que estavam em sua escrivaninha e serviriam para o seu suicídio, que ela já havia planejado e consumaria tão logo retornasse da escola.

Seus olhos físicos não podiam ver, mas naquele ambiente dois espíritos amigos abraçavam-se com alegria, pois Maria Julia captara a sugestão mental de procurar a diretora como última alternativa antes de exterminar a sua própria existência.

Felizes com a decisão da jovem em prosseguir na jornada humana, os amigos espirituais comentavam entre si:

- Veja o quão importante é um minuto de atenção, Fábio.

- Sem dúvida, André. Houvesse a diretora desprezado o apelo de Maria Julia e hoje teríamos aqui mais uma alma entrando no mundo espiritual pelas enganosas portas do suicídio.

- Abençoada atenção, Fábio. Abençoada atenção!

Reflexão:

A atenção poupou uma pessoa de séculos de dores e dissabores no mundo espiritual. No entanto, parece que atualmente vivemos em um mundo desatento. As pessoas sempre ocupadas com seus afazeres, com suas conquistas, com sua vida, esquecem de oferecer ao outro um pouco de atenção.

Há pais que não dedicam atenção aos filhos. Há filhos que não têm tempo para ganhar com seus pais. Há professores que se julgam ocupados demais para ouvir os problemas dos alunos e há amigos inacessíveis ao extremo que não têm tempo para dar um simples telefonema ao outro.

É preciso combater essa crônica falta de tempo com um pouco mais de organização.

Inconcebível não termos tempo para apreciarmos as maravilhas da existência; os filhos, amigos, as flores, a natureza, a leitura...

Parece que queremos chegar em algum lugar que não sabemos exatamente qual é, por isso corremos, corremos, corremos, numa autêntica fuga da vida e das coisas que realmente importam.

E a vida passa de forma rápida. Crescem os filhos, envelhecem os pais, desencarnam os amigos...

E continuamos nós, envolvidos numa das mais lamentáveis epidemias: a crônica falta de tempo para o que realmente interessa.

Sabemos de casos em que o suicídio foi um PEDIDO DE ATENÇÃO, por parte de pais, filhos, amigos, avós...

Um grito desesperado para que fossem ouvidos, sentidos, notados. Infelizmente que esses gritos terminam sempre no caixão.

Jesus nos recomendou “Orai e Vigiai”, e consideramos necessário ampliar um pouco mais a visão sobre esse VIGIAI. Certamente o mestre queria dizer para vigiarmos também a vida dos outros.

Mas não se assuste!

Não se trata de vigiar a vida alheia no intuito de podar o livre arbítrio, perseguir, julgar e condenar.

Este é um vigiar mais brando, pacífico, benéfico. É vigiar para saber as companhias de nossos filhos. Vigiar para saber se nossos pais e amigos necessitam de mais atenção, amor, carinho... vigiar para saber se precisam de apoio e ombro amigo...

Reflitamos neste ponto, porquanto, com toda certeza: UM MINUTO DE ATENÇÃO PODE, SIM, SALVAR UMA EXISTÊNCIA, POUPANDO-A DAS DORES IMPOSTAS PELO SUICÍDIO.


Praia em Cesaréia, cidade edificada por Herodes, O Grande, na costa mediterrânea, em Israel. Local onde se encontram importantes restos arqueológicos da cidade e do porto. Foto: Ismael Gobbo. 13/7/2011

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