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quarta-feira, 22 de junho de 2011

Entrevista com Ariovaldo César Júnior Araraquara, SP

por Sidney Francez Fernandes

Fiz palestra no Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo, em Araraquara (SP), no dia 9/6/2011, convidado que fui por meu amigo Ariovaldo Cesar Júnior. Local adequado, muito bem organizado e preparado para atividades doutrinárias. No entanto, a grande surpresa para mim foi conhecer a Escola Espírita “Eurípedes Barsanulfo”. Eu pretendia escrever um artigo sobre a visita que fiz a esta escola. No entanto, melhor do que minhas palavras será ouvir a de Ariovaldo, um dos diretores e idealizadores do empreendimento, suas respostas às nossas dúvidas e curiosidades.

Ariovaldo César Jr

PERGUNTAS

Sidney – Como surgiu a Escola Espírita?

Ariovaldo - Surgiu da necessidade de se profissionalizar o jovem carente. Em contato com a população carente, vimos que, sem uma profissão, o futuro seria muito difícil para aqueles jovens.

Sidney – Por que o nome de Eurípedes Barsanulfo? O que ele representa?

Ariovaldo - Eurípedes sempre esteve ligado à nossa família, por informações que recebemos de diversos médiuns. Eu, inclusive, fui curado por ele, de um problema na garganta quando tinha 15 anos de idade. Minha tia me levou até uma médium em Piracicaba (SP ), que recebia o Espírito do Dr. Cesário Motta Junior. Após o atendimento, o Dr. Cesário informou que eu havia sido operado espiritualmente por Eurípedes Barsanulfo. Após a cirurgia fui até a casa de minha avó, que morava naquela cidade e contei o fato e o nome estranho: Eurípedes Barsanulfo. Ela ficou emocionada e me mostrou sobre a cabeceira da sua cama a foto de Eurípedes, dizendo que havia orado para ele quando soube que eu iria passar pela cirurgia. Foi a primeira pessoa que me falou alguma coisa da vida do Apóstolo de Sacramento. Muitos anos depois, em São Paulo, levamos nosso filho para um atendimento mediúnico. O médium recebia o Espírito do Dr. Bezerra de Menezes, e meu filho estava sofrendo muito, com sérios problemas de saúde. O médium revelou que a cirurgia espiritual estava sendo feita por Eurípedes Barsanulfo. Pensei: outra vez? Na fundação do Centro Espírita, para nossa surpresa, nosso grupo de estudos sugeriu o nome de Eurípedes Barsanulfo. E assim foi, Eurípedes sempre esteve presente em nossa vida.

Sidney – Como foi o começo? De onde vocês conseguiram recursos para comprar os terrenos? E a construção? Os empresários que o ajudam são espíritas? Eles fazem parte da diretoria? Em quantos diretores vocês são para realizar tão grande trabalho?

Ariovaldo - Não temos nenhum tipo de recurso ou ajuda governamental. Compramos os primeiros lotes com recursos próprios. Construímos o primeiro prédio com a ajuda de um grupo de amigos que se conscientizaram de que espiritismo é ação no bem. Hoje recebemos ajuda de um grupo de empresários que apóia o Projeto Ensinar a Pescar, a maioria não é espírita.

Somos sete diretores: presidente, vice presidente, secretária, tesoureira, e três membros do conselho fiscal. Chico Xavier dizia que “quando a diretoria cresce, o amor desaparece”. É verdade, nós da diretoria nos amamos, nos conhecemos pelo olhar, sabemos o que cada um pensa e o que querem em termos de futuro para a nossa instituição.

Sidney – Quais os projetos desenvolvidos pela escola? Fale-nos do “Ensinar a Pescar” e “Beija-flor”.

Ariovaldo - O Projeto Beija-Flor visa tirar as crianças das situações de risco. Durante o dia oferecemos, em horário inverso ao da escola pública, diversas atividades para as crianças de seis a 18 anos de idade, como o curso de teatro, dança, esportes, pintura, informática, ajuda escolar, musicalização, coral etc.

O Projeto Ensinar a Pescar visa profissionalizar os jovens com mais de 14 anos de idade para ajudá-los na conquista do primeiro emprego ou para melhorar as condições profissionais, se já estiverem empregados.

Em todos esses cursos aplicamos a educação para valores, para despertar as crianças e os jovens para o dever moral de sermos melhores, de fazermos para o outro o que gostaríamos de receber.

Sidney – Quais cursos profissionalizantes são mantidos?

Ariovaldo - Atualmente temos 10 cursos profissionalizantes, todos gratuitos, em convênio com o SENAI, como costureiro de máquina reta e overloque, mecânico de máquina de costura industrial, pedreiro assentador de tijolos e blocos, pintor de obras, eletricista de automóvel, eletricista instalador residencial, instalador hidráulico residencial, informática básica (Word, Excel, Power Point e Internet), e reparador de aparelhos eletrodomésticos. Quase todos saem empregados, já formamos mais de 2.000 jovens e todos receberam o certificado do SENAI.

Sidney – Os monitores são espíritas? Nas aulas de profissionalização inserem conceitos morais e éticos? Eles são remunerados ou são voluntários?

Ariovaldo - Uma das nossas exigências, no convênio realizado com o SENAI, foi de que a seleção dos instrutores seria por nossa conta. Não queríamos uma escola espírita com profissionais não espíritas. Em todos os cursos aplicamos o que chamamos de Educação para Valores, que consiste nos ensinamentos morais e éticos, fazer para o próximo aquilo que gostaríamos de receber. Os instrutores do SENAI são voluntários, recebem apenas uma ajuda de custo para as despesas com transporte.

Sidney – É verdade que os monitores apegam-se aos alunos, envolvendo-se em suas vidas, de forma a direcioná-los para o bem e a dignidade?

Ariovaldo - Por exigência do SENAI, as classes tem, no máximo, 25 alunos. Os cursos são noturnos e semestrais. Este formato de classe facilita a aproximação com os alunos, e os instrutores sabem da sua responsabilidade de transmitir os ensinamentos técnicos e morais. Por este motivo, conduzem os alunos como se fossem seus filhos. Quando algum aluno falta às aulas, o próprio instrutor telefona e toma as providências necessárias. O professor de eletricidade de autos, por exemplo, quando julga oportuno, convida os alunos para visitar sua oficina e acompanhar os trabalhos diretamente. O mesmo se dá com os outros instrutores, para que o aluno sinta a dinâmica do trabalho profissional, o atendimento aos clientes, etc.

Sidney – Na visita que fiz à escola, algumas coisas me chamaram a atenção: algumas pessoas de idade, jovens que aparentemente não são de classe pobre e monitores muito jovens e bonitos. Fale a respeito disso.

Ariovaldo - Não recusamos a matrícula das pessoas com idade avançada, pois sabemos que os conhecimentos adquiridos não se perdem jamais. A vida não termina no túmulo. Não recusamos também a matrícula das pessoas que, aparentemente, tem boas condições financeiras, pois não fazemos nenhum tipo de triagem. Estamos ali para servir. Quanto aos monitores jovens e bonitos, acreditamos que seja resultado da profissão que abraçaram: a professora de teatro é jovem e muito bonita, a de dança idem. A instrutora de informática foi aprovada pelo SENAI, com base em seus conhecimentos de computação, e, coincidentemente, é muito jovem e bonita. O pessoal da Diretoria também é bonito.

Sidney – O que a escola oferece à família dos jovens?

Ariovaldo - Distribuímos a sopa fraterna às segundas e quartas-feiras, um litro de leite para as crianças de zero a cinco anos de idade, nas segundas, quartas e sextas feitas, roupas, agasalhos, sapatos etc. Além disso, as famílias participam dos cursos de artesanato, pintura em tecidos, informática.

Sidney – Como foi o início da parceria com o SENAI? Que participação a entidade tem hoje no projeto da escola?

Ariovaldo - O primeiro contato com o SENAI aqui em Araraquara foi difícil, pois não imaginavam que poderia ser estabelecido um convênio com uma casa espírita. Enviamos nosso ofício e um dos diretores de São Paulo fez questão de nos visitar para conhecer as instalações do Centro Espírita (ainda não existia a Escola). Após breve inspeção, informou-nos de que iria fazer um contrato provisório de seis meses, pois tinham feito um convênio bem-sucedido com um Centro Espírita da cidade de Santos. Isso foi em meados de 1999. Estamos juntos até hoje.

O SENAI estabelece a grade escolar que deve ser obedecida pelos instrutores e, no final de cada curso, entrega os certificados de participação.

Sidney – Como são as formaturas?

Ariovaldo - As formaturas são muito emocionantes, principalmente pra quem acompanhou a chegada do aluno na Escola e o seu aprimoramento como profissional. Os Diretores do SENAI prestigiam o evento. É uma festa bonita de se ver, a emoção e a alegria dos formandos e seus familiares. Geralmente nas formaturas quase todos já estão empregados.

Sidney – Percebi que há um entrosamento muito grande entre a escola e a comunidade. Fale a respeito das visitas aos bombeiros, ao DAAE e as viagens promovidas pela escola.

Ariovaldo - Como já dissemos, as aulas são muito participativas. Os instrutores do SENAI programam visitas ao Departamento de Águas e Esgotos, e às principais empresas da cidade. As crianças visitam o zoológico, o Parque Basalto que é mantido pela UNIARA (faculdade de ensino de Araraquara), para terem aulas de preservação ambiental, visitam também o Shopping para assistirem filmes gratuitos no Cine MOVIECOM.

Sidney – O que é o Sistema de Apadrinhamento?

Ariovaldo - As nossas crianças podem ser apadrinhadas por esse sistema, que consiste numa contribuição mensal para ajudar na manutenção das crianças na escola.

Sidney – Como vocês mantém a escola hoje? Os empresários fornecem todos os recursos? Que fórmula mágica vocês encontraram para sensibilizá-los?

Ariovaldo - Não existe fórmula mágica, apenas ensinamos os interessados a pescar. Damos a oportunidade de obterem uma profissão, ou mais que uma se desejarem, para que tenham condições de sustentar sua família, criar seus filhos, ter uma vida digna, sem descurar dos ensinos morais. Se o empresário entende a proposta, dificilmente vai negar a ajuda mensal de que precisamos. Ele sabe que essa é a única saída para os nossos problemas sociais. E essa ajuda para o empresário é um cafezinho, para nós é uma fortuna!

Sidney – Os empresários prestigiam seus cursos? Eles remetem seus funcionários para se reciclarem na escola?

Ariovaldo - Sim, é muito comum recebermos os funcionários daqueles empresários que nos ajudam, para reciclarem seus conhecimentos. Também é uma forma de testarem a qualidade do trabalho que fazemos, de acompanharem a aplicação do dinheiro que estão investindo.

Sidney – Qual é o índice de freqüência dos monitores e dos alunos? Há muitas faltas? Como é a procura pelas matrículas?

Ariovaldo - Os monitores não faltam. Parece incrível, mas é a verdade. São extremamente responsáveis e envolvidos com o trabalho que realizam. Os alunos faltam, mas são acompanhados pelos monitores, e essa preocupação reduz o índice de desistências.

Sidney – Qual é a duração dos cursos?

Ariovaldo - Os cursos são semestrais, com aulas noturnas duas vezes por semana. Se o aluno quiser pode fazer mais de um curso profissionalizante.

Sidney – Qual é o índice atual de aproveitamento profissional dos alunos? Eles já saem empregados da escola?

Ariovaldo - Como já dissemos, durante o curso recebemos pedidos de algumas empresas, não necessariamente as que colaboram conosco, pedindo o curriculum vitae dos alunos. A maioria já sai empregado.

Sidney – Vocês não têm problemas de convivência, atritos, vícios e afastamento entre os alunos e monitores? Há algum tipo de orientação sexual? E quanto à prevenção das drogas?

Ariovaldo - Não temos problemas de convivência, atritos ou afastamento de alunos ou monitores. Só frequenta nossa escola quem tem interesse num ofício, numa profissão. Não permitimos o uso do palavrão, das brincadeiras maldosas, das correrias, dos atrasos nas aulas e avisamos que só é permitido fumar na rua, nem nos jardins e nem no estacionamento. A orientação sexual e a prevenção de drogas são ensinamentos que estão embutidos nas aulas de Educação para Valores.

Sidney – Fale um pouco da construção e manutenção da quadra de esportes. Todos são convidados à prática de esportes? E a dança? Teatro? Pintura? São obrigados a participar ou tem prazer nas atividades?

Ariovaldo - Nos cursos diurnos todos são obrigados a participar de todas as aulas. É claro que alguns alunos se destacam mais em alguns cursos que outros, mas um bom jogador de futebol não pode sair da escola sem aprender a dançar, fazer aulas de pintura ou cantar no coral, por exemplo. Faz parte da sua educação integral. Nossa equipe de Futebol Society se destacou no 2º Campeonato categoria Menores Interclubes no Clube Araraquarense e ganhamos a taça em julho de 2010. Temos duas quadras de esportes, com aulas de futebol, vôlei e basquete.

Temos bailarinos que foram requisitados pelas melhores escolas da cidade, e hoje estão se destacando com brilhantismo nessa arte.

Sidney – Há aulas de Doutrina Espírita na escola? Vocês também alimentam o espírito?

Ariovaldo - As aulas de Espiritismo para crianças são dadas no sábado à tarde. Durante a semana, damos o curso de Educação para Valores, inclusive em respeito aos alunos das diferentes religiões que participam da Escola.

Sidney – Há cinema na escola?

Ariovaldo - Temos cinema todos os sábados à noite, com filmes previamente selecionados, para alegria das crianças, jovens e adultos.

Sidney – Há distribuição de cestas básicas? E de sopa? Leite?

Ariovaldo - Só temos distribuição de cestas básica no Natal. Durante a distribuição da sopa às segundas e quartas, entregamos a todas as famílias os excedentes de legumes, verduras e frutas não utilizados na sopa e nos lanches para as crianças. Após cada curso as crianças recebem lanche.

Sidney – O que é o corte de cabelo? Curso? Moda? Ou Higiene?

Ariovaldo - O corte de cabelo gratuito é feito todas as segundas feiras. As aulas de higiene são dadas pelas professoras de cada curso.

Sidney – O que é PROEAJA?

Ariovaldo - PROEAJA quer dizer Projeto de Alfabetização de Jovens e Adultos. Temos 15 alunos, que é o limite máximo permitido por classe. Este projeto é da Prefeitura Municipal e permite que o aluno receba o certificado de conclusão do primeiro grau.

Sidney – Na minha visita vi alguns belos trabalhos de artesanato. São apenas para passar o tempo ou destinam-se à obtenção de renda e auto-estima?

Ariovaldo - Estes trabalhos de artesanato foram realizados pelas famílias do bairro, e servem para melhorar a auto estima das alunas ou obtenção de renda para a escola, de acordo com a professora de artes.

Sidney – Quais os cursos mais procurados?

Ariovaldo - Pela ordem de procura: Curso de costura industrial, mecânico de máquina de costura industrial, informática, eletricista de autos, eletricista residencial, etc.

Sidney – Fale-nos do apoio cultural da RaeMP e da TRANZARTE.

Ariovaldo - São duas agências de publicidade. A RaeMP é de São Paulo e nos ajudou na confecção do nosso book e na “plástica” do livro: “A Proposta do Coronel”. A Tranzarte, de Araraquara, está sempre nos apoiando em nossas atividades. São nossos amigos a quem temos muito a agradecer pelo muito que nos ajudam.

Sidney – Vocês contam com o apoio da população de Araraquara? Como as autoridades vêem o projeto?

Ariovaldo - As autoridades admiram nosso projeto mas, como já dissemos, não nos ajudam. A população de Araraquara conhece pouco nosso trabalho. Na época das inscrições para os diversos cursos, precisamos sair a laço em busca de alunos. Nesses momentos percebemos que a população não nos conhece ainda.

Sidney – Espaço livre para suas considerações finais ou perguntas que deixamos de fazer.

Ariovaldo - Agradecemos a oportunidade de transmitir um pouco do nosso trabalho e lembrar que os nossos dois livros: “A Proposta do Coronel” e “A Escolha” se destinam à manutenção da Escola. Muito obrigado uma vez mais por esta oportunidade.


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