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quinta-feira, 14 de abril de 2011

Trechos do livro “O voo da garça”

Uma das muitas ilustrações contidas no livro

O Voo da Garça

"(...) Francisco de Paula Cândido, Francisco Cândido Xavier, Chico Xavier, ou simplesmente Chico, nasceu na cidade de Pedro Leopoldo, Estado de Minas Gerais, em 2 de abril de 1910. Foi o sétimo filho do operário e cambista João Cândido Xavier e da lavadeira, e também operária, Maria de São João de Deus.

O seu pai, João Cândido Xavier, filho de Vicente Pinto e de Joaquina Cândida Xavier, nasceu no município de Santa Luzia do Rio das Velhas (atualmente Santa Luzia) e na busca de melhores oportunidades foi para Pedro Leopoldo, onde trabalhou na recém-fundada Companhia Fabril da Cachoeira Grande. Por volta de 1925, desempregado, e por força da necessidade, começou a exercer o ofício de cambista, desencarnando aos 93 anos de idade, no dia 6 de dezembro de 1960 (...).

A sua mãe, Maria de São João de Deus, também nasceu no município de Santa Luzia do Rio das Velhas, em 1881, no Hospital de São João de Deus. Esse hospital foi construído para atender aos “desvalidos da sorte”, ou aos “desfavorecidos da fortuna”, eufemismos utilizados na época em referência à pobreza material, o que deu origem ao seu nome. Filha única, seu pai se chamava José da Rocha, só conheceu a mãe, Francelina Gomes, uma imigrante francesa em busca de melhores condições de vida, e que exercia o ofício de simples lavadeira às margens do Rio das Velhas como forma de retribuir o acolhimento recebido por uma organização católica denominada “Irmãs da Piedade”, que, na ocasião, administrava o Hospital de São João de Deus, segundo depoimento dado por Chico Xavier ao seu sobrinho-neto Sérgio Luiz Ferreira Gonçalves. Convém destacar que todas as biografias consultadas apresentaram o nome da mãe de Chico Xavier como sendo MARIA JOÃO DE DEUS. Entretanto, conforme pudemos verificar na certidão de nascimento do médium, o nome de registro, portanto, o nome correto de sua mãe é MARIA DE SÃO JOÃO DE DEUS.

O avô paterno de Chico, Vicente Pinto, não teria aprovado o casamento do filho com Maria de São João de Deus (casou-se aos 13 anos de idade), em razão de sua origem social. Entretanto, João Cândido Xavier, contrariando o desejo do pai, casou-se e foi morar na cidade de Pedro Leopoldo, em busca de novas oportunidades de emprego e constituição da família.

Maria de São João de Deus não pôde receber uma educação esmerada, mas muitos que a conheceram na Rua de São Sebastião, em Pedro Leopoldo, afirmavam que os nobres sentimentos do seu coração substituíram a cultura que lhe faltava. Todos os depoimentos de Chico Xavier em relação à sua mãe retratam uma pessoa exemplar, muito católica e profundamente generosa para com todos. E os biógrafos, sem exceção, também reforçam essa tese.

(...)

Muitos já falaram exaustivamente sobre a infância difícil e sofrida de Chico Xavier. Perdeu a mãe aos cinco anos de idade, em 29 de setembro de 1915 (aos 34 anos), indo viver com o padrinho José Felizardo Sobrinho, a madrinha Rita de Cássia, um sobrinho dela, de nome Moacir, (...) e uma auxiliar de serviço chamada Maria Teóphila. Sofreu incompreensões e maus tratos por quase dois anos, por parte da madrinha e do menino.

No início de 1917, (...) seu pai se casou com Cidália Batista Xavier. A madrasta, melhor seria dizer “boadrasta”, acolheu todos os filhos do primeiro casamento, desencarnando em 19 de abril de 1931, exatamente no ano em que Chico Xavier adquiriu maioridade perante o Código Civil Brasileiro e que o seu benfeitor espiritual Emmanuel iniciou o gigantesco trabalho literário mediúnico.

(...)

Para alguns biógrafos, Chico Xavier teria sido registrado com o nome de Francisco de Paula Cândido pelo fato de ter nascido no dia 2 de abril, data consagrada pela igreja católica a São Francisco de Paula. Outros biógrafos, porém, afirmam que na impossibilidade de João Cândido Xavier comparecer ao cartório pediu a um amigo que fosse em seu lugar e que lá chegando, se esquecendo do nome recomendado, lembrou da data consagrada ao santo católico. Outros afirmam também que Chico Xavier teria sido registrado como Francisco Cândido Xavier e que o então diretor da Fazenda Modelo, Dr. Rômulo Joviano, pressionado por determinadas autoridades religiosas para demitir o então funcionário Chico Xavier, sugeriu a alteração do nome para Francisco de Paula Cândido, com o objetivo de enganar os religiosos, pois que estavam incomodados com a grande repercussão do até então desconhecido matuto de Pedro Leopoldo.

(...)

Mesmo considerando as inúmeras dificuldades de registrar as crianças naquela época, seja pela falta de informação ou pela ausência de um cartório na localidade, encontramos o registro de seu nascimento em um antigo livro do cartório em Pedro Leopoldo, onde pudemos constatar que o pai João Cândido Xavier compareceu no dia 3 de abril de 1910 para registrar o filho com o nome de Francisco de Paula Cândido. Curiosamente, o sobrenome Xavier não tinha sido registrado.

Segundo a oficiala de Registro Civil Carla Fátima da Silva Lana, da comarca de Pedro Leopoldo, a forma padrão para lavratura dos assentos de nascimento naquela época era, no caput, registrar o nome completo da criança para no meio do texto colocar apenas o primeiro nome. Nesse mesmo livro também consta, em 1966, a solicitação de Chico Xavier da alteração oficial do seu antigo nome Francisco de Paula Cândido para Francisco Cândido Xavier. De acordo com o seu sobrinho-neto, Sérgio Luiz Ferreira Gonçalves, Chico teria desejado a alteração do seu nome para Francisco de Paula Cândido Xavier, o que não aconteceu e para não prolongar nessa decisão permaneceu em silêncio por sugestão do seu benfeitor Emmanuel.

Pelas pesquisas efetuadas somos levados a deduzir que Chico Xavier, ou simplesmente Chico, como era carinhosamente tratado pelos seus conterrâneos, cresceu entendendo que o seu sobrenome seguia o mesmo sobrenome dos seus irmãos e do seu pai. No final da década de 20, e início de 30, por exemplo, tivemos acesso ao seu diário pessoal e muitos outros documentos nos quais ele já assinava usando os seguintes nomes: Francisco Cândido Xavier e, principalmente, Francisco Xavier.

Entre 1927 a 1931, na fase considerada de experimentação de sua mediunidade, podemos perceber que Chico Xavier, não tendo clareza de suas percepções mediúnicas, e, portanto, não conseguindo identificar os espíritos comunicantes que se expressavam por seu intermédio, costumava assinar no final de algumas mensagens com “F. Xavier”. Creio que como um recurso estratégico para evitar qualquer publicidade em torno do seu nome, pois intimamente reconhecia que os poemas psicografados não lhe pertenciam, e pelo fato de não haver despendido nenhum esforço intelectual em sua construção.

Definir exatamente o momento em que Chico Xavier percebeu como teria sido registrado demandaria outra pesquisa, mas podemos levantar algumas hipóteses, como por exemplo quando o menino Chico teve que apresentar alguma documentação para entrar na então Companhia Industrial Belo Horizonte (Fábrica de Tecidos), ou talvez quando recorreu ao cartório para registrar o recém-fundado Centro Espírita Luiz Gonzaga, ou mesmo quando da cessão dos direitos autorais do Parnaso de além-túmulo para a Federação Espírita Brasileira e, finalmente, quando teve que providenciar os documentos para a sua efetivação como servidor público federal na Fazenda Modelo. Nesse último caso, temos a sua ficha de ingresso funcional já constando o nome Francisco de Paula Cândido.

Independentemente da época que ele tenha percebido o nome que foi registrado em cartório, resolveu manter, extra-oficialmente, o nome Francisco Cândido Xavier até 1966, porquanto já estava socialmente conhecido e consolidado.

De qualquer forma, em todos esses anos, falar em Francisco de Paula Cândido ou Francisco Cândido Xavier é falar em Chico Xavier, o Chico, filho de João Cândido Xavier e Maria de São João de Deus."

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Do livro: O voo da garça — Chico Xavier em Pedro Leopoldo (1910|1959)

Jhon Harley | Vinha de Luz Editora | 2. ed. | 2010 | p. 49-64.

(Texto recebido em email de Geraldo Lemos Neto. Capa e foto reproduzidas do próprio livro)

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