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quarta-feira, 6 de abril de 2011

Sem Choques

Richard Simonetti

richardsimonetti@uolcom.br

Há uma característica marcante na personalidade humana – o acomodamento. Com raras exceções, mais cedo ou mais tarde, as pessoas renunciam à iniciativa. Exemplo típico – o aposentado. É aquele cidadão que trabalhou durante décadas . Lutou, enfrentou problemas, persistiu, habilitou-se à estabilidade financeira e concluiu que é tempo de descansar. Reduzindo suas atividades ao mínimo, entrega-se ao dulce fare niente, adotando a postura de papo pro ar.

Esse comportamento equivale a um marca-passo evolutivo. Aprendemos com a Doutrina Espírita que o Espírito não retrograda, mas, frequentemente, estaciona. Se passam as horas, os dias, os anos, sem que nos envolvamos com o empenho de aprender, o esforço da renovação, o exercício da solidariedade, o cultivo do ideal, a Vida roda em falso. Não saímos do lugar.

Pior que o acomodamento: o amornamento. É quando o indivíduo se permite uma coexistência pacífica entre o certo e o errado, o virtuoso e o vicioso, o bem e o mal, a verdade e a mentira…Entram em cena, no palco das convicções negligenciadas, o adultério, o palavreado chulo, a mentira, o vício, a agressividade, a maledicência, a disposição em tirar vantagem, a corrupção…

– Bem… sei que não está muito correto, mas… ninguém é de ferro!

Quando essa dupla sinistra, o acomodamento e o amornamento, toma conta, só a morte dá jeito. A perda do corpo físico impõe drástica revisão existencial, marcada por angústias e perplexidades para os negligentes em relação às aquisições espirituais a que se referia Jesus (Mateus, 6:20): Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e roubam. Mas ajuntai tesouros no Céu, onde nem a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões não arrombam nem roubam.

Deixar a jornada física sem os tesouros espirituais resulta em transferência obrigatória para regiões tormentosas no Além.

Bem, leitor amigo, com o passar do tempo, funciona a capacidade de adaptação do Espírito. Ainda que segregado em regiões purgatoriais, compatíveis com seus deméritos e comprometimentos, tende a ocorrer novo acomodamento. É como o indigente que se habitua a viver miseravelmente, contentando-se com migalhas. No Além há uma agravante: ninguém morre de fome ou frio, o que favorece a indolência.

O jeito é um novo choque: a reencarnação. O retorno às lides humanas concede-lhe a bênção do recomeço, sem a lembrança do passado, a fim de que supere o amornamento.

Por outro lado, há o salutar desafio de sustentar o novo corpo, sob inspiração do instinto de conservação, que é a ânsia de viver. Será preciso exercitar o trabalho, contrariando o acomodamento.

Será mais um dos incontáveis choques, que se sucederão, envolvendo o nascer e o morrer, o renascer e o remorrer, para vencer a dupla terrível, incrivelmente resistente. De choque em choque, acabaremos chocados, não no sentido elétrico, mas biológico, fecundados para o progresso.

Melhor seria se pudéssemos acelerar esse processo. Crescer a partir de nosso próprio esforço, sem a necessidade de tão drásticos estímulos. Não é difícil. Basta que, aqui ou no Além, cultivemos a companhia de outra dupla, esta dinâmica, libertadora, indicada pelo Espírito de Verdade, em O Evangelho segundo o Espiritismo: O amor e a instrução.

Amar é, fundamentalmente, querer o bem de alguém. Por isso, quem ama de verdade está sempre empenhado em fazer algo por seu amado, como ocorre com as mães em relação aos filhos. E sempre haverá gente para ser beneficiada, se cultivarmos amor pela Humanidade.

Instruir-se é penetrar no mundo do conhecimento, alargando horizontes. Quem se empenha nesse sentido vê melhor, equaciona com propriedade seus problemas, supera suas dificuldades, principalmente quando cogita dos porquês da Vida, atento aos valores espirituais.

Se persistirmos, caminharemos mais depressa, habilitando-nos a viver em planos mais altos do infinito. Sem acomodamento, sem amornamento. E, suprema felicidade: sem choques.

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