A multa maior

Richard Simonetti

richardsimonetti@uol.com.br

O recinto do Tribunal estava lotado, não tanto pela importância dos crimes que seriam julgados, mas pela presença do prefeito de Nova York, La Guardia, que costumava, nessas ocasiões, sentenciar casos policiais simples, com decisões que ficavam famosas pelo seu conteúdo de sabedoria e originalidade.

Um dos acusados fora pilhado em flagrante, roubando pão em movimentada padaria. O homem inspirava compaixão: muito magro, barba por fazer, roupas em desalinho – era a própria imagem da miséria!... La Guardia submeteu-o, solene, ao interrogatório, consultou as testemunhas e, após rápida apreciação, considerou-o culpado, aplicando-lhe a multa de cinqüenta dólares. A alternativa seria a prisão...

Em seguida dirigindo-se à pequena multidão que acompanhava, atenta ao julgamento, disse, peremptório:

– Quanto aos presentes, estão todos condenados a pagar meio dólar cada um, importância que servirá para liquidar o débito do réu, restituindo-lhe a liberdade. Estão multados por viverem numa cidade onde um homem é obrigado a roubar pão para matar a fome!...

Todos nós, habitantes de qualquer cidade do Mundo, estamos sujeitos a uma multa muito mais severa, a uma sanção muito mais grave – a frustração dos anseios de Felicidade, os desajustes intermináveis, as crises de angústia – por vivermos num planeta onde as palavras fraternidade, bondade, solidariedade, são enunciadas como virtudes raras, quando são apenas elementares deveres, indispensáveis à preservação do equilíbrio em qualquer comunidade.

Dizem os Espíritos Superiores que a Felicidade do Céu é socorrer a infelicidade da Terra. Diríamos que somente na medida em que estivermos dispostos a socorrer a infelicidade da Terra é que estaremos a caminho da Felicidade do Céu.

Não há alternativa. Podemos nos isolar da multidão aflita e sofredora, mas jamais estaremos bem, porquanto a infelicidade é o clima crônico dos que se fecham em si mesmos. Mãos servindo são antenas que estendemos para a sintonia com as fontes da Vida e a captação das Bênçãos de Deus.

A propósito, leitor amigo, para Epicuro (341-270 a.C.), célebre filósofo grego, a felicidade surge a partir do prazer, mas observado um detalhe: Deve ser um prazer bem administrado, voltado para as questões morais, sem envolvimento com as paixões. Digamos prazer produtivo, sem excessos, que descontraia, que traga alegria, mas, ao mesmo tempo, nos faça crescer como seres humanos, filhos de Deus. Na aplicação desses princípios, no cotidiano, perguntará alguém:

– Como transformar uma festa nesse exercício de prazer produtivo, atendendo aos reclamos da Alma?

A resposta chama-se FESTAC, a festa anual do Centro Espírita Amor e Caridade, em Bauru, realizada em amplo espaço com barracas de artesanato, confecções, doces e salgados, sucos e refrigerantes, brincadeiras para as crianças, brindes e sorteios.

Cada centavo que ali despendermos cumprirá duas funções:

Primeira: estaremos passando alguns horas agradáveis, de confraternização, consumindo comes e bebes preparados com muito capricho pelos voluntários do CEAC, a fazerem nosso deleite gastronômico.

Segunda: o resultado financeiro reverterá em benefício de serviços que beneficiam milhares de pessoas em vários departamentos como Centro de Triagem de Migrantes e atendimento de população de rua, Creche, seis núcleos de periferia, com assistência às famílias e aos adolescentes, com acompanhamento escolar e cursos profissionalizantes.

Milhares de pessoas são atendidas com o concurso de profissionais habilitados e centenas de voluntários.

Recomendo com a tranquilidade de quem participa desses serviços: não perca, leitor amigo a oportunidade de exercitar o prazer produtivo na FESTAC. O funcionamento será no sábado, dia 30, das 15 ás 22 horas, e no domingo, dia 1º de maio, das 10 às 21 horas. Endereço: Rua 7 de Setembro, 8-30, Bauru.

Compareça, leve amigos e familiares, e divirta-se!

Gastronomicamente, é uma festa imperdível.

Espiritualmente, é uma opção indeclinável.