BLOG DE NOTÍCIAS DO MOVIMENTO ESPÍRITA.....ARAÇATUBA- SP

Atenção

"AS AFIRMAÇÕES, INFORMAÇÕES E PARECERES PUBLICADOS NESTE BLOG SÃO DE RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA DE QUEM OS ELABOROU, ASSINA E OS REMETEU PARA PUBLICAÇÃO. FICA A CRITÉRIO DO RESPONSAVEL PELO BLOG A PUBLICAÇÃO OU NÃO DAS MATÉRIAS, COMENTÁRIOS OU INFORMAÇÕES ENCAMINHADOS."

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Baú de Memórias Charles Richet, Chico Xavier e muitas memórias

Izabel Vitusso

Há pouco tempo conheci dona Silvia Palhano Braga. Se você assisti à TV vai saber já quem ela é: sogra do médico e escritor Dráuzio Varella, mãe da atriz Regina Braga (a Cecília da novela Ti Ti Ti) e avó do artista Gabriel Braga Nunes (o Léo a novela Insensato Coração), na TV Globo.

Agradabilíssima e discreta, em seus quase noventa anos, tem consciência de que algumas passagens de nossas vidas são histórias que não devem pertencer só a nós. E me fez sentir o prazer de descobrir que as melhores memórias são aquelas que chegam sem avisar, nas entrelinhas de um bom dedo de prosa.

Quando meu pai nasceu, meu avô já era espírita

Nasci em Manaus, em 1922, mas de lá saí com menos de um ano de idade, deixando para trás familiares, como meus avós. Quando meu pai nasceu, eles já eram espíritas. Foi um dos pioneiros do espiritismo no Brasil.

Eu vim a saber sobre esse fato muito tempo depois. Talvez porque não se falassem abertamente do espiritismo. Ou porque não faziam questão mesmo. Valiam o que eram, como viviam, fazendo a caridade sem levantar bandeira nenhuma.

Antigamente Parintins [AM] era uma selva e vovô [Raymundo de Carvalho Palhano], pessoa culta, além de ser boníssimo, era o único farmacêutico numa cidade em que não havia médicos. O curioso é que ele estudou com [o médium] Bezerra de Menezes na faculdade de medicina no Rio de Janeiro. Mas não chegaram a ser colegas próximos. Esse fato era contado por uma tia que mantinha guardada uma mensagem ditada por Bezerra, em que ele fazia referência sobre isso.

Ele nasceu em 1868 e desencarnou com 80 anos. Era admirador da natureza e estudioso, essa era a base dos medicamentos com que trabalhava na farmácia. Certa vez chegou a trocar correspondência com Charles Richet. O pesquisador francês esteve no Brasil e, quando visitou Manaus, saiu um artigo de sua autoria publicado no jornal, com o qual meu avô se impressionou, mas negativamente, porque ao mesmo tempo em que Richet era conhecido como estudioso que aceitava as idéias espiritualistas, alguma coisa contraditória ou incompleta ele disse. Meu avô não teve dúvidas, escreveu para o pesquisador e a partir daí passaram a se corresponder.

Silvia Palhano Braga: “Vovô passou a trocar cartas com Charles Richet”

A visita de Chico Xavier à nossa casa

Mudei-me inúmeras vezes pelo Brasil até chegar na cidade de Lavras, MG, onde fui estudar em colégio presbiteriano. Eu já era jovem e adorava cantar no coral. Mas por força das influências, eu não gostava de nada que fizesse referêcia ao espiritismo. Meu pensamento era: “nós é que estamos com Jesus.”

Certa vez [o médium] Chico Xavier foi fazer uma visita a Lavras. Não sei qual o motivo, mas Chico foi à nossa igreja. Sabendo de sua presença, o pastor fez um sermão e à certa altura disse que desafiava quem conseguisse falar com os espíritos, provocando o médium, que já começava a ficar conhecido. Chico saiu sem falar nada.

Chico também esteve em nossa casa. Minha família tinha uma relação de amizade com Rômulo Joviano [chefe do médium na Fazenda Modelo, em Pedro Leopoldo-MG].

Acertado com meu pai [José Martins Palhano], minha mãe comentou comigo que naquele dia fariam uma reunião, com um moço muito bom de Pedro Leopoldo. Era o ano de 1942. Fiquei na expectativa.Vi aquele moço entrando em casa. Ele era mesmo feio e muito tímido.

E eu, com desdém, me sentia profundamente importante. Não falei com ele. Segui para o meu quarto. Quando começaram a reunião, fui atacada por um surto de risadas, que fez com queminha mãe logo viesse, a pedido do Chico, me pedir silêncio, porque eu estava atrapalhando a reunião. Na minha ignorância, me dei por vencida, toda orgulhosa.

Na verdade, desde cedo eu já sentia a interferência da mediunidade. Desde pequena tinha sonhos e me via saindo da cama, atravessando a parede, coisas assim. A vida não é sempre como a gente quer. E é nessas horas que o espiritismo faz a diferença.

Anos depois, já morando em São Paulo, fui levada para orientação até o seu Spártaco [Guilardi Spártaco] e comecei a frequentar o Grupo Espírita Batuíra, de onde não saí mais. Já faz 42 anos. Minhas outras filhas, Beatriz e Rita [Braga], também trabalham em tarefas em casa espírita. Graças a Deus, todas sempre se preocuparam em fazer o bem.

Raymundo de Carvalho Palhano – contemporâneo de Bezerra de Menezes na faculdade, um dos pioneiros na história do espiritismo no Amazonas

“Discordando das colocações do insigne pesquisador e verificando o estranho silêncio da comunidade espírita brasileira sobre o assunto, após meditar e consultar alguns companheiros, Raymundo Palhano deciciu-se pelo questionamento ao estudioso francês, dado o ilogismo de suas conclusões e a fragilidade dos argumentos por ele exarados em sua mencionada conferência. Foi quando lhe endereçou uma carta, datada de 18 de janeiro de 1909, indagando se o conteúdo do resumo de sua conferência, transcrita para o português, era de fato correspondente com os seus pensamentos de investigador partícipe das averiguações realizadas por tantos cientistas em torno do assunto, ou se era fruto de erros de tradução.” – Charles Richet, apóstolo da ciência e o espiritismo, Ed. Feb.

Charles Richet não se declarava espírita, mas um estudioso dos fenômenos metapsíquicos

0 comentários: