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quarta-feira, 16 de março de 2011

O filósofo e o guerreiro



Richard Simonetti

· Quem peca, contra si peca; quem comete injustiça, a si agrava, porque a si mesmo perverte.

· É da perfeição moral usar cada dia como se fosse o último, sem comoções, sem torpores, nem fingimento.

· Olha para ti mesmo; é em ti mesmo que se encontra a fonte do bem, uma fonte inextinguível desde que a explores sempre.

· O melhor modo de vingar-se de um inimigo é não se assemelhar a ele.

· Não vivas como se devesses viver milhares de anos. Pende sobre ti o inevitável. Enquanto vives e tanto quanto possível faze-te homem de bem.

· Depois de haveres feito o bem a um homem, que queres ainda? Não te basta haver praticado uma ação conforme a tua índole e queres, além disso, um galardão, como se os olhos tivessem que ser pagos porque enxergam e os pés porque andam?

· A discórdia tem três inconvenientes: o tédio, a impaciência e a perda de tempo.

· Mais penosas são as conseqüências da ira do que as suas causas.

Belas orientações, não é mesmo, leitor amigo?

Cada uma delas constitui, por si, todo um roteiro em favor de uma existência digna e feliz, preparado por um pensador que diríamos ter bebido nas fontes da mais pura sabedoria.

Consta de um livro, Meditações, escrito há perto de dezoito séculos.

Seu autor tinha o mais improvável dos cargos para um filósofo: imperador romano!

Isso mesmo! Um dono do Mundo, mais poderoso em seu tempo do que o presidente dos Estados Unidos, na atualidade.

Trata-se de César Marco Aurélio Antonino Augusto, ou como seria conhecido pela posteridade, Marco Aurélio (121-180).

Nascido em Roma, filho de abastada família, sua grande vocação era a filosofia. Aos onze anos adotou o manto singelo dos cínicos, passou a alimentar-se frugalmente e a dormir sobre duro catre.

Renunciava ao mundo para dedicar-se à filosofia.

Não tardou muito e viu-se na contingência de renunciar à filosofia para cuidar do mundo, exercitando um poder que não lhe interessava, imposto pelos fados, algo que só o Espiritismo explica.

Há compromissos assumidos pelo Espírito ao reencarnar, cobrados à medida que se desenrola o fio de seu destino.

***

Platão cogitara de um Estado perfeito, governado por um filósofo. Com poderes absolutos e recursos materiais, esse governante poderia realizar tal utopia.

Roma, rica e poderosa, apresentava promissoras perspectivas nesse particular.

Marco Aurélio seria o sonhado governante capaz de exercitar a sabedoria na condução dos negócios, realizando o ideal do filósofo grego.

Nomeado imperador no ano 161, governaria Roma até sua morte. Nesses dezenove anos, segundo muitos historiadores, o grande império viveu sua fase áurea, sob a batuta desse governante que só queria ser filósofo.

Marco Aurélio consolidou a administração centralizada, dando unidade ao Império, e estabeleceu princípios de hierarquia bem definidos. Diríamos que azeitou as engrenagens de Roma.

Por outro lado, preocupou-se com uma aplicação mais humanitária das leis.

Diante de uma rebelião vencida, determinou:

Que voltem os banidos às suas casas; que sejam restituídas aos proscritos as s uas propriedades. Eu desejaria, apenas, poder chamar de entre os mortos as pobres vítimas que já sofreram essa pena.

Não obstante, esteve longe de realizar a utopia de Platão.

Para sua desdita, foi muito mais um guerreiro, envolvido em intermináveis guerras para reprimir povos bárbaros que insistiam em invadir as províncias romanas e as traições que constituíam tradição no comportamento dos prepostos romanos.

Foi vitorioso como comandante das forças armadas, mas acabou em vã filosofia ao envolver-se com atrocidades para defender os interesses de Roma.

Embora pessoalmente afável e justo, iniciou cruel movimento de perseguição aos cristãos, cujos princípios, que enfatizavam a mansuetude, pareciam perigosos para a estabilidade do império. Assim, determinou que fossem crucificados seus líderes.

No entanto, confessava:

Eu, humilde filósofo, sempre acariciei a ambição de nunca fazer mal a ninguém.

***

Marco Aurélio exprimiu de forma dramática esse terrível dualismo que caracteriza o Homem, mesmo missionários em trânsito pela Terra.

Raros conseguem superar as limitações de seu tempo.

Deixam-se envolver pelo mal, embora venham à Terra para as realizações do Bem.

Há sempre sombras nas biografias mais ilustres.

Somente um Espírito irradiou luzes, incessantemente:

Jesus, o missionário divino, preposto de Deus, filósofo supremo, sábio dos sábios, que exemplificou a suprema filosofia:

A renúncia de nós mesmos em favor do bem comum, a exprimir-se no empenho de servir.

Busto do Imperador Marco Aurélio

Museu Arqueológico de Istambul. Foto Ismael Gobbo

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