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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

As fugas dos espíritas “Onde é que eu já ouvi isto?”

O Espiritismo é a Doutrina dos Espíritos Superiores. O Movimento Espírita é constituído por espíritos em provas e expiações, e como tal falíveis. Os espíritas devem dar o seu contributo para que o Consolador Prometido por Jesus se implante na alma da humanidade, mas a Doutrina Espírita é intocável nos princípios que Allan Kardec codificou.

Muitos espíritas, pelas dificuldades da nossa caminhada evolutiva, adotamos mecanismos de fuga psicológica. Escondemo-nos do nosso “homem-velho” e é mais difícil encontrar o “homem-novo”. É preciso reconhecer as nossas más tendências para as corrigir.

A natureza não dá saltos. Há muitas pessoas que preferem pagar para ouvir coisas que lhes agradam do que ouvir de graça algo que lhes pede para mudar e por isso as desagrada. É mais cômodo que os outros nos prometam que resolvem o problema …e bem mais ilusório!

Esta resistência à mudança faz parte da história da humanidade, tal como os comportamentos anacrônicos. Trazemos para dentro do movimento espírita uma série de hábitos que ritualmente adotávamos noutras épocas e religiões. E adaptamos à nossa forma de ser aquilo que vamos lendo e ouvindo na doutrina. Algumas frases são descontextualizadas, para se ajustarem aos nossos interesses imediatos, retirando-lhes o verdadeiro sentido. Estas fugas são subterfúgios que habilmente construímos.

Quem já ouviu ou terá dito estas expressões?

Entre frequentadores recentes: “Vou para outro centro porque estou neste há um mês e não melhorei nada!” “Aquele palestrante fala bem, mas não gosto dele”. Na sala de passe: “Onde é que está aquele que dá o melhor passe?” Até quando vamos pensar que a solução para os nossos problemas está fora de nós? Não adianta personalizar uma doutrina que é da Falange do Espírito da Verdade. O nosso compromisso é com Deus e portanto, com a nossa consciência.

E aquelas pessoas que deixaram de ir ao centro e encontrando-se conosco na rua, logo dizem (antes que digamos algo): “Este sábado vou ao centro! Desta é que não falha!” E dizem isto todas as vezes que nos encontram, como se as obrigássemos a ir…

Discussões em casa. Falta de civismo no trânsito. Atritos no trabalho. Respira fundo. Entrada no centro: máscara de santo, falando baixinho, abraços e beijos a todos… A quem queremos enganar? Só aos outros espíritos encarnados…

-“O seu filho é tão bonzinho!…Quem me dera que o meu fosse assim.”

-“Leve-o uma semana para casa mas com bilhete só de ida!...”

Temos direitos como utentes da casa espírita, fazemos exigências. Mas…utilizamos a casa de banho, água e papel (pelo menos). E deveres em relação à uma instituição que nos ajuda gratuitamente? Estamos num mundo material!

- “Eu acho que isto está mal e que deveria ser assim e assado.”

- De acordo. Podemos contar com a sua ajuda para essa remodelação?

- Não posso, não tenho disponibilidade…

Cada faixa etária tem a suas frases-feitas. Os jovens são exímios nos desculpismos: “Não vou ao centro porque tenho que estudar para os exames!” Seria legítimo se no tempo da ida ao centro, tivessem aproveitado para isso. “Estou com muitos trabalhos, preciso descansar”. Depois do passe e fluidoterapia não se sentem melhor? É uma questão de disciplina para gerir o tempo. “Estamos com preparativos para o casamento, depois teremos tempo para dedicar ao centro.” E depois não voltam…E se o fazem, como estarão? “Temos dois filhos, não dá para ir ao centro.” E a evangelização dos filhos? É uma vacina que não deve ser adiada! Os adultos optam por: “Quando me reformar dedicar-me-ei às atividades no centro!” Terá saúde para lá regressar?...

E lugares comuns na boca de espíritas…

“Nada acontece por acaso.” Acontece que fazemos mal aos outros e torna-se um caso. A frase aplica-se para justificar as nossas negligências? “O escândalo tem que vir, mas ai por quem vier o escândalo.”

“Estou aqui apenas de passagem. A verdadeira vida é a espiritual.” Então reencarnou para quê? Para contemplar o céu em vez de pousar os pés na Terra? Se não aproveitar bem a vida corpórea, a verdade é que a sua vida terá mais reencarnações.

“Devo ter sido muito mau em vidas passadas. Não me lembro de ter feito nada nesta vida para sofrer tanto.” O corpo anterior serve de bode expiatório, como se estivesse a referir a outro espírito. Grande parte das nossas aflições têm causas atuais (desta vida). Desconhecimento do passado ou esconder-se do presente? Escolha o seu futuro!

Quando não temos vontade para combater as nossas imperfeições. “Jesus tinha essas atitudes porque é um espírito puro.” Ao ler obras da codificação e complementares, comentamos: “Estas lições são só para espíritos superiores como Chico Xavier e Bezerra de Menezes. Sou demasiado imperfeito para conseguir fazer isso.” Estes livros e mensagens são para nós encarnados, com defeitos e virtudes. Para nos servirem de guia para a reforma íntima. Que mensagem nos envia Jesus ao escolher seres humanos comuns, com muitas deficiências morais, para seus apóstolos?

E para justificar as más paixões, a raiva e o ressentimento que alimentamos: “Jesus também se irou e encolerizou contra os fariseus do templo.” O Mestre foi sempre enérgico e determinado no combate ao mal. “Paulo de Tarso era um tirano e perseguiu muitos cristãos.” Preferimos projetar o nosso homem velho em vez de elogiar a transformação impressionante dum novo homem. Tal como a de uma Mulher de coragem: “Maria de Madalena era uma prostituta.” Lucas disse que Jesus retirou dela 7 espíritos obsessores. Obsessão não é prostituição e quem somos nós para julgar essa opção?

Numa discussão com irmãos de outras religiões: “Estou num nível de evolução diferente, bem acima do seu.” Presunção e água benta cada um toma a que quer…E se o nosso companheiro de jornada disser “Fora da caridade não há salvação”?

Entre trabalhadores espíritas, adotamos atitudes que demonstram, no mínimo, falta de estudo doutrinário. Influenciações espirituais subtis? Elas só surgem em terreno propício. A obsessão começa por ser uma auto-obsessão devidas ao nosso ego e orgulho. Qualquer alteração que vemos num companheiro de trabalho na casa espírita, julgamos num só diagnóstico: “obsessão!” E como se tivesse uma doença infecto-contagiosa é afastado do grupo supostamente imune, em vez de ser amparado e reintegrado nesse ou noutro trabalho. Conta-se que, um dia Jesus entrou num centro espírita um pouco fatigado, e pediu para se sentar. O presidente da instituição olhou-o desconfiado e comentou com colega: “Deve estar obsedado…”

Se um companheiro fez algo que o desagradou, sob a capa de falsa caridade, lança de forma a que outros saibam. “Temos que orar muito por este nosso irmão. Fez-me uma que não esperava.” Não são os outros que têm que orar. É sobretudo ele que, em recolhimento, deve fazer uma prece sincera por alguém por quem nutre antipatia.

No departamento infanto-juvenil há outros chavões. “Meu filho não veio porque tinha uma festa de anos.” Pontualmente está bem, mas por sistema? O aluno é que fica prejudicado porque não faz o acompanhamento do programa estabelecido. Que tipo de disciplina os pais dos evangelizandos pretendem dos seus filhos, faltando ou chegando constantemente atrasados? Quanto à falta de pontualidade e assiduidade, não se deve ser excessivamente rígido, nem demasiado condescendente. Que exemplo dão os evangelizadores que assim procedem, às crianças que pretendem instruir e educar?

Há dirigentes de instituições que denotam falta de estudo e de preparação para a responsabilidade do cargo que ocupam. Um diálogo no atendimento fraterno:

- Gostava de poder ajudar em qualquer trabalho na casa espírita.

- “Mas você é médium?...”

(O que a seara do Mestre precisa é de médiuns do bem!)

- Mas eu estou disponível para a tarefa que quiserem.

- “Quando o trabalhador está pronto, o trabalho aparece.”

- Como?...

- “Você precisa desenvolver a mediunidade.”

(Desenvolver o que não se tem? Educar sim, sobretudo sentimentos e pensamentos, tenha ou não esta faculdade orgânica).

“A seara é grande e os trabalhadores são poucos.” Será que ouvimos com ouvidos de ouvir este alerta de Jesus? Que tipo de caridade exerce um centro que limita o nº de voluntários da casa aos grupos constituídos? E a forma como a exercemos para os mais carenciados que nós? É como o “Evangelho segundo o Espíritismo” nos recomenda? A assistência social espírita tem mais responsabilidade a nível da caridade moral que outras instituições.

Há sempre um tipo de trabalho adequado a cada um, mas há responsáveis que colocam uma série de obstáculos às capacidades das pessoas disponíveis, esquecendo-se que elas beneficiar-se-ão por estar a colaborar. Uma forma de resolver os nossos problemas é conhecer os problemas dos outros. O trabalho é uma forma terapêutica de combater as dores, aflições e depressões que nos levaram ao centro. É importante que os trabalhadores estejam equilibrados, mas para serem protegidos não devem ser isolados. As pessoas por sua iniciativa já pouco se disponibilizam. Algumas têm falta de confiança e sentem-se inseguras para iniciar uma tarefa. Se colocamos em dúvida as suas potencialidades, conhecimentos e boa-vontade, é natural que desmobilizem. Estamos à espera que se tornem espíritos elevados para ajudar? Então não havia trabalhadores e ninguém tinha evoluído até essa condição.

Outra conversa recorrente dos mais velhos: “Os jovens são o futuro da casa”…mas só depois deles desencarnarem! Alguns jovens ouvem isto durante 20 anos (caso ainda lá estejam), perdendo motivação para atividades em que se sintam úteis. Ao integrar a juventude evangelizada nas tarefas doutrinárias, o centro reforça-se com contributos valiosos e dinâmicos.

Apregoam o desapego à matéria como fundamental para nos espiritualizarmos, mas apegam-se aos cargos materiais das associações espíritas. Responsáveis diretivos que têm muitos (en)cargos, não conseguem estar de corpo e alma em todos eles. A descentralização do trabalho assegura a continuidade do mesmo, estimulando a responsabilização e independência dos outros coordenadores.

Muitos de nós somos espíritas porque estamos mais endividados do que outros. Temos na doutrina uma ferramenta de trabalho inestimável em mãos. Queremos assumir o compromisso que fizemos conosco no plano espiritual? “Muito será pedido a quem muito foi dado”? Sim, mas muito será dado a quem muito deu de si. Mais importante que entrar no centro espírita é a doutrina espírita entrar em nós.

P.S. Qualquer semelhança entre este texto e a realidade do movimento espírita é pura coincidência? “O acaso não existe…”

Roteiro de Luz – Centro Espírita Perdão e Caridade

Lisboa, Dezembro de 2010

Nuno Emanuel



Para mais informações sobre o autor Nuno Emanuel acesse: http://ismaelgobbo.blogspot.com/2010/11/focalizando-o-trabalhador-espirita-nuno.html

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