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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Espíritas auxiliam na reconstrução de Angola CEI visita a Angola espírita

Matéria publicada na Folha Espírita, outubro 2010



Amélia Carlos Cazalma e Elsa Rossi em frenta à placa inaugural da Clínica Dr. Agostinho Neto



Antiga colônia de Portugal, com início da colonização no século XV, Angola, país do continente africano, permaneceu como colônia portuguesa até sua independência, em 1975. Desde então o país, hoje com 20 milhões de habitantes, viveu um período de 30 anos de guerra muito violento, com muitas vidas perdidas.

Castigado pelas lutas, com uma pobreza instalada, teve a manutenção de suas construções, assim como elas próprias, interrompidas. Minas espalhadas nos campos amputaram e mataram milhares de pessoas. Mesmo assim, o crescimento da população não parou.

Em 4 de abril de 2002 foi assinado acordo de paz e, a partir dessa data, nunca mais houve guerra em Angola, com estabelecimento de outra luta: para o crescimento, desenvolvimento do país e a paz.

Há apenas oito anos Angola se reconstrói das demolições físicas, sem perder as esperanças de liberdade e união. Ainda há muito a ser feito para se reconstruir esse país africano, que tem a quinta expectativa de vida mais baixa do mundo, e está em fase de expansão e assentamento de novas indústrias. Mas, graças ao trabalho de muitos, dentre eles o de algumas casas espíritas locais, esse cenário começa a mudar.

No mês passado, Elsa Rossi, segunda secretária do Conselho Espírita Internacional (CEI), esteve no país a convite da Sociedade Espírita Allan Kardec de Angola (Seaka), quando visitou a obra assistencial Casa de Caminho André Luiz e outras casas espíritas. Ela esteve acompanhada durante todo o tempo da presidente da Seaka e da Casa de Caminho, Amélia Carlos Cazalma, e do vice-presidente, Trajano Nankhova Trajanno, conhecendo as atividades assistenciais e doutrinárias diárias realizadas por ambas as entidades e outras existentes em Luanda.

Sobre o que viu, ela falou à Folha Espírita.



Folha Espírita – Elsa, como foi sua experiência com os angolanos?

Elsa Rossi – O angolano, na sua intimidade de coração, é uma pessoa de paz, de fraternidade, que me deixou emocionada a cada passo, a cada tarefa, a cada visita realizada.



FE – O que é a Casa de Caminho André Luiz?

Elsa – A Casa de Caminho André Luiz é a área assistencial da Seaka. Dentro dos seus objetivos sociais, filosóficos e espirituais, a Seaka, por meio dela, constrói e disponibiliza vários serviços de apoio para as comunidades de Angola, fundamentalmente as províncias de Luanda, Bengo e Kwanza Norte, em geral com os objetivos de assegurar a convivência afetiva e familiar da criança e do idoso; assistir, educar e amparar a criança das carências e enfermidades e incutir a observância de valores de justiça, moral, ético, filantrópico e espiritual; promover a família, através da formação acadêmica, profissional e científica; contribuir para a melhoria da saúde pública; e participar na redução da pobreza e delinquência.

A Casa de Caminho André Luiz está implantada no município de Viana, situado a 20 quilômetros de Luanda, onde está sendo implementado um grande projeto social. A localidade foi sempre considerada um grande polo industrial. Durante o período de conflito armado, várias das suas infraestruturas foram destruídas. Devido a sua localização (situada na linha rodoviária que liga Luanda e as províncias do Nordeste e Leste de Angola), a vila foi uma das localidades que mais acolheram populações deslocadas provenientes de várias províncias. Atualmente estima-se que residam nela cerca de 2 milhões de habitantes.

A Casa de Caminho iniciou as suas obras em 2004 e foi inaugurada em 4 de abril de 2008, pelo ministro da Reinserção e Assistência Social, em representação ao presidente da República Engenheiro José Eduardo dos Santos.



FE – Quem lidera a Casa?

Elsa – Amélia Cazalma, 49 anos, diretora do Intercâmbio Internacional do Ministério de Hotelaria e Turismo de Angola. Ela já foi diretora nacional da Formação de Hotelaria e Turismo durante 14 anos, é funcionária do Estado desde os 16 anos, a sua atividade e função possibilitam que a Seaka seja conhecida em quase todos os ministérios.

Foi ela e Trajanno que conseguiram do governo, em 1999, a doação de uma área de 42 hectares, onde já existe um planejamento total de infraestrutura e construções, com quadras poliesportivas, para atender ao plano piloto de assistência à criança, ao adulto, idoso, mães carentes, parturientes, escolas, enfim, um grande complexo que toma forma e se desenvolve a cada ano.

Amélia é uma mulher líder, com formação acadêmica em várias áreas: Química, Psicopedagogia, Gestão de Empresas, entre outros cursos universitários, e está terminando mais um doutorado em Ciências da Educação, em Granada, na Espanha. Em Psicopedagogia defendeu o “Amor como força motriz do equilíbrio psicoemocional e desenvolvimento da sociedade angolana”.

Os anos de guerra, sofrimento e o estudo da obra de André Luiz Nosso Lar foram motivos para impulsioná-la na criação do tão sonhado conglomerado assistencial, como é hoje o plano geral da obra Casa de Caminho André Luiz. Seu trabalho no Estado a ajuda não só no trabalho em Luanda e em outras províncias de Angola, mas também facilita visitas aos irmãos de outros países. Muito antes do conhecimento da Doutrina, Amélia e Trajanno já apoiavam a população, aliás foi o trabalho assistencial que os levou ao conhecimento das Obras Básicas.



FE – De onde vem o apoio para essa construção?

Elsa – Nada disso seria possível sem o apoio financeiro de certas áreas do governo e de entidades privadas, algumas da área petrolífera. As empresas Sonangol, o Porto de Luanda e pessoas singulares que se doam, material e amorosamente, são algumas delas.



FE – Qual o trabalho da Casa de Caminho André Luiz?

Elsa – O projeto prevê a construção de uma vila residencial, creche, jardim infantil, clube da saudade, áreas de formação acadêmica, de formação profissional, de saúde, fruticultura, autofinanciamento, administrativa e de estudos moral/espiritual, em curso.

A primeira etapa consistiu na construção da 1ª fase das áreas de saúde, formação profissional, residência de apoio e o centro espírita. Está em funcionamento um hospital com 45 leitos, serviços de urgência, análises clínicas, saúde pública e maternidade, onde já nasceram em torno de 2,4 mil crianças. E em dois anos de funcionamento foram atendidos 2 mil pacientes. A Clínica Dr. Agostinho Neto, em homenagem ao primeiro presidente da República, atende uma média de 300 pacientes por dia. Em um raio de oito quilômetros, é o único posto privado de saúde onde não existe a moeda em forma de pagamento. Cartazes com os dizeres “É proibido pagar pelo atendimento” estão espalhados em todas as recepções. Nas salas de espera são mostradas, permanentemente, em um circuito fechado de tevê, palestras com Raul Teixeira, Divaldo Franco, entre outros, para que todos possam se manter ligados ao bem e à orientação espírita, e, enquanto esperam, os doentes recebem fluidos através de passes.

No complexo da Casa, existe outra construção, uma área de formação profissional que homenageia a Rainha Nzinga, com muitas áreas e salas, divididas em panificação, onde são fabricados, assados e distribuídos pães e broas que abastecem o pequeno mercado da região, gerando renda para a entidade, que também é escola de panificação, com instrutor pago.

Informática, cantina, serralheria, carpintaria e serigrafia são alguns dos outros cursos profissionalizantes oferecidos na Casa, que ainda alfabetiza adultos. Quando lá estive, tive o privilégio de presenciar a comemoração pelos dois anos de inauguração da Clínica Dr. Agostinho Neto – que presta atendimento de enfermaria a pacientes da região –, com várias apresentações musicais e teatrais escritas pelas alunas recém-alfabetizadas, com passagens do Evangelho e da vida diária do povo. Na Casa de Caminho, todos os funcionários e voluntários, sem exceção, frequentam os estudos espíritas oferecidos em vários dias da semana e muitos participam no trabalho de campo, visitas à população mais carente, ao trabalho ambiental, etc.

Todos os sábados, mais de 500 crianças de famílias próximas à Casa de Caminho recebem pães e bolos. Uma equipe se desloca às aldeias para prestar assistência médica, distribuição de alimentos (cesta básica), sopas, roupas, livros e mensagens, entre outros, à população. A entidade distribui 2 mil pratos de sopas e 2 mil pães no dia a todos.

Em um mês começarão as obras da sua segunda etapa do projeto, que prevê a construção da segunda fase da Clínica Dr. Agostinho Neto, com as áreas de unidade cirúrgica com três blocos operatórios, maternidade mais moderna, imagiologia e laboratório mais condizente com o número de pessoas que procura a Casa de Caminho.

Em 17 de setembro, foi lançada a pedra para a construção de quadra poliesportiva pelo Ministério da Juventude e Desportos de Angola.

Também presenciamos a montagem de um telescópio para os estudos relacionados com os aspectos científico e espiritual, ligados à Terra e galáxias. O objetivo da Seaka é que as crianças e os adultos possam ter a oportunidade de observar e entender a mensagem de Cristo quando disse que “na Casa de meu Pai há muitas moradas”.



FE – Os colegas de governo de Amélia aceitam bem a filosofia espírita?

Elsa – Amélia contou que muitos colegas seus, diretores e funcionários, assim como vários ministros, aceitam a filosofia espírita, recebem as Obras Básicas e a procuram para conversar sobre os seus momentos difíceis. Em seus discursos, em oportunidades formativas, ela coloca os postulados da Doutrina Espírita de forma muito clara para todos, associados ao componente científico da psicologia transpessoal, física quântica, etc.

Segundo Amélia, não é difícil a aceitação da Doutrina Espírita em Angola, tudo depende da forma como é transmitida, pois seus princípios são utilizados no dia a dia, como educação de base, sem mesmo as pessoas saberem. Para ela, a Doutrina Espírita deve ser transmitida como uma doutrina filosófica, espiritual e científica e não como religião, a fim de não criar embaraços e mais inimigos.

Todos conhecem o tríplice aspecto da Doutrina Espírita, que é ciência, filosofia e religião, em Angola, mas a aceitação se faz mais pela ciência, filosofia e transformação moral. Assim, os assistidos da Casa de Caminho, funcionários e voluntários que são de diversas religiões, e que vão aos estudos, adquirem o conhecimento espírita.



FE – Algum outro trabalho lhe chamou a atenção na capital Luanda?

Elsa – No segundo dia de minha chegada, visitamos o Leprosário da Funda, onde sempre que possível são distribuídos sopas e pães, além de outros gêneros alimentícios, guloseimas às crianças, sacolas de roupas e a pomada fluídica “Vovô Pedro” a todos. As crianças aparecem de toda parte. Os moradores da vila de hansenianos, ao verem a caravana de carros chegando, já se dirigem para o alto, sob o coreto em círculo, e ali, com disciplina já implantada por Amélia e seus auxiliares, membros da Seaka, recebem os mimos e as conversas. Todos cantam hinos de louvor e agradecimento a Deus, alguns em língua nativa.



FE – Há outros centros espíritas na cidade?

Elsa – Sim, visitamos dois deles, levando informação e esclarecimento sobre o Movimento Espírita Mundial e a atuação do CEI no trabalho de unificação. Estivemos na sede do Grupo Espírita Fraternidade e Paz, dirigido por Pedro Aganian, que realiza um trabalho maravilhoso de distribuição de sopas e viveres aos carentes em hospitais e locais já determinados. Também visitamos a União Espiritual Cristã de Angola, dirigida por João Saraiva e Amélia Dalomba. Esses irmãos também levam assistência em instituições de outras religiões, onde o idioma geral é o amor.

Além de palestras e conversas com as lideranças em ambas as casas e na própria Seaka, nesta tivemos reunião administrativa e também reuniões mediúnicas, que nos deram um panorama geral de todas as atividades da casa.

Em outras províncias também existem várias pessoas que estudam a Doutrina Espírita, assim como em outros países africanos, como Moçambique, Cabo Verde, Gabão, África do Sul, Kinshasa, na República do Congo, e outros locais na África.

Para conhecer mais o trabalho desenvolvido pela Casa de Caminho André Luiz visite o site http://www.seakaangola.org





“Amélia Cazalma pede apoio a outros irmãos espíritas que possam contribuir voluntariamente como puderem, financeiramente ou na área da saúde, educação e desportos, entre outros”






Legenda

Crianças da vila recebem bolos, semanalmente, em área da Casa do Caminho

Distribuição de gêneros alimentícios para as famílias de hansenianos do Leprosaria da Funda


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