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terça-feira, 3 de agosto de 2010

Resposta à Revista Super Interessante


GÉRSON SIMÔES MONTEIRO

Foto: http://www.oconsolador.com.br/47/entrevista.html





Rio de Janeiro, 15 de julho de 2010.







AOS SENHORES

REDATORES DA

REVISTA SUPERINTERESSANTE



Lamentavelmente, a Revista comete mais um equívoco. O primeiro foi com relação à reportagem sob o título “Uma Investigação: Chico Xavier”, publicada na edição nº 277 de abril de 2010, na qual Chico é taxado de impostor, ao dizer que o médium, ao receber cartas dos parentes desencarnados que se comunicavam com seus familiares, mandava seus assessores conversarem com as pessoas, anotando informações para dar-lhes autenticidade. É claro que se tal fosse verdadeiro, Chico precisaria ser um prodígio para ler rapidamente todas as informações, data, nomes etc., e inseri-las no contexto de cada mensagem, de cada espírito, mistificando sempre. Tal falta de ética jornalística, pelo conteúdo da matéria, demonstra total ausência de investigação para difamar a figura ímpar do médium mineiro.

O segundo, agora na matéria “Sucesso e fracasso”, do mês de julho de 2010, a Revista revela-se anticientífica ao tentar explicar a causa da criança-prodígio com argumentos totalmente sem fundamentos e sem base na ciência, conforme se lê no texto a seguir.



“É difícil se acostumar com a ideia de que nascemos todos com as mesmas chances de brilhar. Principalmente quando olhamos para aquelas pessoas que parecem ter habilidades sobrenaturais - aquelas que fazem você se lembrar diariamente das suas limitações: as crianças prodígios, por exemplo. A maior de todas as crianças prodígios foi Wolfgang Amadeus Mozart (perto dele, a menina Maysa é amadora). Aos 3 anos, o austríaco começou a tocar piano, aos 5 já compunha, aos 6 se apresentava para o rei da Bavária de olhos vendados, aos 12 anos terminal sua primeira ópera”.Há séculos, ele vem sendo citado como prova absoluta de que talento é uma coisa que vem de nascen­ça para alguns escolhidos...”.



Inicialmente, é preciso esclarecer que a reencarnação, antes de ser mera questão doutrinária para o Espiritismo, assenta na comprovação do fenômeno reencarnatório pela pesquisa científica, hoje de amplo domínio público.

O parapsicólogo indiano Hamendra Banerjee pesquisou mais de 1.200 casos de pessoas que tinham nítidas lembranças do que foram em vidas anteriores, ou seja, desde o local onde tinham vivido, nomes de parentes, passando por seus próprios nomes, apelidos e fatos acontecidos com elas. Esses dados foram devidamente checados por Banerjee, comprovando a reencarnação, embora tenha ele admitido que é possível alguém se recordar de outras vidas através de uma memória extracerebral. No entanto, para nós, espíritas, essa memória, que sobrevive à morte do corpo físico e volta a existir em outra roupagem carnal, chama-se espírito reencarnado.

Em virtude do crescente número de crianças com grau de inteligência superior à média comum, tem-se desenvolvido muito a pesquisa em torno das prováveis origens desse fenômeno. Sobre o assunto, existem duas teses mediante as quais a ciência acadêmica tem procurado explicar a existência de superdotados.

A primeira delas é a da hereditariedade genética, isto é, pais superinteligentes gerariam filhos superinteligentes. A segunda tese atribui o fenômeno ao que chama de hipoxemia cerebral: crianças nascidas de partos difíceis teriam, em decorrência disso, as células cerebrais estimuladas, e daí resultaria um quociente de inteligência superior.

Ambas têm cunho materialista e nenhuma vai a fundo na questão. Nenhuma tem a coragem de examinar o problema à luz de uma filosofia que considere o homem como algo transcendente à matéria. Só a teoria reencarnacionista pode abrir à Ciência caminhos mais seguros para uma investigação eficiente acerca desse e de outros fenômenos da mesma natureza. Em sua milenar sabedoria, Sócrates afirmava que “aprender é recordar”.

Queremos ressaltar do texto da matéria “Sucesso e Fracasso” a infeliz comparação entre Mozart, e a menina Maysa dos programas de Raul Gil e Silvio Santos, pois se trata de comparar genialidade com inteligência vivaz, sensibilidade em alto grau, com espirituosidade para diversão pública.

Agora constatamos que a Revista inventou uma teoria, e, sem base científica, para explicar a genialidade de Mozart, que aos três anos tocava piano, e aos quatro executou uma sonata. Pasmem, segundo a Revista, ele teria treinado muito para ter tal habilidade. Mas quando ele treinou? Pela teoria inventada pela Revista, ou melhor, a Hipótese do Adestramento, deve ter sido entre 1 e 3 anos de idade num total de 3.500 horas de treinamento ou de adestramento, entre mamadeiras e chupetas. Sua faculdade musical desenvolveu-se tão rapidamente que aos onze anos compôs duas pequenas óperas. Além de tocar aos três anos de idade, onde ele treinou a “inspiração” e a “sensibilidade” para compor?

E de onde ele tirou essa predisposição, na tenra idade, para se dedicar a estudos musicais exaustivos e complexos? Realmente, a teoria proposta pela Revista está mais para absurda do que para científica.

O músico, de fato, tem de se exercitar muito para chegar à perfeição. Há que se praticar horas a fio, numa busca incessante pela melhor forma de interpretação. Mas, o que explica a sensibilidade e o tino para a música? Como explicar que dedos ainda em formação e crescimento alcancem, com perfeição, as teclas do piano?

Onde Jesus conseguiu tanta sabedoria para responder com doze anos de idade todas as perguntas formuladas pelos Doutores da Lei, a ponto de deixá-los surpreendidos e perplexos com a sapiência do menino, filho de um carpinteiro?

Ora, sem a reencarnação, não há como explicar a precocidade musical de Mozart e de tantas outras crianças relacionadas pelo pesquisador Gabriel Dellane, além de sábios, pintores, poetas e literatos. Desde criança, Pascal mostrou o gosto pelos estudos, especialmente pela geometria. Aos treze anos, descobriu as 32 primeiras proposições de Euclides e publicou um trabalho sobre as seções cônicas.

Como encaixar na nova teoria da Revista, ou melhor, na “Hipótese do Adestramento”, o fato citado por Allan Kardec, no Jornal de Estudos Psicológicos (Revista Espírita), de fevereiro de 1867, da precocidade de Eugénie Colombe, noticiado pelos jornais de Toulon. A menina de dois anos e onze meses, já sabe ler e escrever perfeitamente; alem disso, em condição de sustentar o mais sério exame sobre os princípios da religião cristã, sobre a gramática francesa, a geografia, a história da França e as quatro operações da aritimética.

Eugénie Colombe, conhece a rosa dos ventos e sustenta perfeitamente uma discussão científica sobre todos esses assuntos. Ela começou a falar muito distintamente com quatro meses de idade. Apresentada nos salões da prefeitura marítima de Toulon, Eugénie Colombe, dotada de um semblante encantador, obteve um sucesso “admirável”.

Quanto à geografia, a menina citou as cinco partes do mundo, as capitais dos países que encerram, várias capitais dos Departamentos da França. Também respondeu perfeitamente sobre as primeiras noções de gramática francesa e o sistema métrico. A menina deu todas essas respostas sem a menor hesitação, divertindo-se com os brinquedos que tinha em mãos. Sua mãe me disse que ela sabe ler desde os dois anos e meio e garantiu-me que é capaz de responder do mesmo modo a mais de quinhentas perguntas.

Na história da música, vamos encontrar uma série de crianças-prodígio, denominadas superdotadas. Além de Mozart, Gabriel Dellane, no livro A reencarnação, relaciona uma série delas:

Aquele a quem chamavam o deus da música, Beethoven, já se distinguia aos dez anos por seu notável talento de executante. E, noutro gênero, a precocidade do grande violinista Paganini foi tal que, aos nove anos, já o aplaudiam num concerto, em Gênova.

Aos seis anos, Meyerbeer possuía bastante talento para dar concertos muito apreciados. Liszt, maravilhoso virtuose desde a mais tenra infância, escreve, aos quatorze anos, uma ópera em um ato, “D. Sancho” ou o “Castelo de Amor”. Rubinstein, trazido da Rússia para Paris aos onze anos, excitou a admiração universal, pela beleza de seu toque de piano.

Sarasate, aos onze anos, mostrava já as qualidades de pureza de som e de estilo, que fizeram dele o maior violinista de nossa época. Saint-Saëns, virtuose precoce, aos onze anos dava seu primeiro concerto de piano, e tinha apenas dezesseis quando fez executar sua primeira sinfonia.

Dellane diz também que teve o prazer de ver, em um Congresso de Psicologia no ano de 1900, o jovem Pepito Ariola, que aos três anos e meio de idade, tocava e improvisava árias variadas. O Professor Charles Richet, cognominado de “Pai da Metapsíquica” publicou sobre esse caso um estudo, no qual disse que Ariola tocou, diante do rei e da rainha da Espanha, seis composições de sua criação, sem conhecer as notas, nem saber ler ou escrever.

Portanto, a origem das faculdades extraordinárias do indivíduo, sem estudo prévio, é atributo do espírito que guarda lembranças do passado. Isso ocorre em razão do progresso anterior adquirido nos campos da pintura, da literatura, da poesia e em outros ramos da arte e da ciência.

Mas, e os conhecimentos para a aptidão e a sensibilidade musical, como nos casos de Mozart e dos outros gênios anteriormente citados, de onde viriam? A resposta é simples, pelo que já comentamos. O espírito troca de roupagem física através das reencarnações sucessivas; porém, sua individualidade imortal não perde jamais o conhecimento intelecto-moral adquirido ao longo de suas experiências, no curso de sua evolução espiritual, até conquistar a condição de puro espírito, a mesma obtida pelo Cristo.

Sobre o assunto, a Doutrina Espírita, como filosofia espiritualista, prova, com evidências, irrecusáveis, que a inteligência é independente do organismo, por ser um atributo do espírito, uma vez que o alto grau da atividade intelectual se mostra entre aqueles cuja idade não atingiu a maturidade física plena.

Na questão 203 de O Livro dos Espíritos, os Benfeitores Espirituais responderam a Allan Kardec que os pais não transmitem aos filhos parcelas de suas almas, pois a alma é indivisível. Apenas lhes dão a vida animal, ou seja, os recursos genéticos, ao transmitirem aos filhos a hereditariedade física, como a cor dos olhos e dos cabelos, a forma e a dimensão de certas partes do rosto ou do corpo. Ainda na mesma questão, os Benfeitores disseram que um pai obtuso, isto é, ignorante, pode ter um filho inteligente e vice-versa.

O quebra-cabeça que os cientistas têm que mostrar está incompleto. Eles jamais compreenderão o papel do DNA enquanto não colocarem o espírito e o perispírito nesse contexto. Continuarão, portanto, procurando nos efeitos a explicação para tudo, como se fôssemos apenas uma máquina orgânica.

E é de admirar-se que uma revista, qual a Superinteressante, que é vista como uma publicação de feição de cunho científica, publique reportagem repleta de “achismos”, um tanto irônica, descartando sumariamente a tese da reencarnação, já amplamente estudada por renomados cientistas de diversas universidades e centros de pesquisa, e amplamente comprovada.

Enfim, a SUPERINTERESSANTE pode manter-se no campo materialista das idéias sobre o homem e a vida, mas não pode descartar sumariamente a Tese da Reencarnação para explicar o fenômeno da criança-prodígio.





Gerson Simões Monteiro

Economista - Colunista do JORNAL EXTRA - Diretor Vice-Presidente da RÁDIO RIO DE JANEIRO





e-mail: gerson@radioriodejaneiro.am.br

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