BLOG DE NOTÍCIAS DO MOVIMENTO ESPÍRITA.....ARAÇATUBA- SP

Atenção

"AS AFIRMAÇÕES, INFORMAÇÕES E PARECERES PUBLICADOS NESTE BLOG SÃO DE RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA DE QUEM OS ELABOROU, ASSINA E OS REMETEU PARA PUBLICAÇÃO. FICA A CRITÉRIO DO RESPONSAVEL PELO BLOG A PUBLICAÇÃO OU NÃO DAS MATÉRIAS, COMENTÁRIOS OU INFORMAÇÕES ENCAMINHADOS."

segunda-feira, 12 de julho de 2010

É BOM NÃO IR

RICHARD SIMONETTI



Era médium vidente.

Identificava, freqüentemente, junto de si, simpático Espírito.

Dizia ser seu protetor.

Habituara-se a consultá-lo… Em princípio, a respeito de questões doutrinárias; depois, problemas pessoais; finalmente, a pretexto de qualquer assunto.

Quando adquiriu um automóvel, motorista inexperiente, incorporou a ajuda do acompanhante espiritual a partir de sua indecisão, num cruzamento movimentado.

Ouviu do resoluto mentor:

– Vai que dá!

Ficou feliz. Tinha agora eficiente “co-piloto”. Em qualquer dificuldade no trânsito, aguardava o sinal verde:

– Vai que dá!

Animado, logo se dispôs a enfrentar a estrada.

Dirigia tranqüilo, confiante no guardião do Além.

Em dado momento, avistou enorme caminhão que se aproximava, veloz, em sentido contrário.

Entre ambos, estreita ponte, passagem para um veículo apenas.

Nosso herói vacilou.

Daria tempo para atravessá-la, antes do caminhão?

O mentor veio em seu socorro:

– Vai que dá!

Animado, pisou o acelerador e desceu a encosta, ganhando velocidade.

No entanto, ao entrar na ponte, viu que o mesmo fazia o dito cujo!

Choque frontal, inevitável! Conseqüências catastróficas! Desses acidentes em que se costuma dizer que não escapa nem a alma do motorista.

O médium arregalou os olhos, apavorado, enquanto o mentor, a seu lado, murmurava, desolado:

– Xiii!… Acho que não vai dar, não!

Fora apenas um palpite…errado!





***



Essa história está em meu livro Atravessando a Rua, publicado pelo instituto de Divulgação Espírita, o IDE, de Araras.

Ilustra problemas relacionados com velha tendência humana:

Imaginar os Espíritos como oráculos infalíveis, detentores de todo saber, protetores perfeitos, capazes de todos os prodígios.

Infelizmente, dirigentes desavisados estimulam essa tendência, transformando os Centros Espíritas em gabinetes de consulta, envolvendo médiuns sem disciplina e orientadores sem orientação.

Esqueceram ou, pior, talvez nunca tenham atentado à sábia observação de Kardec, contida em Obras Póstumas, segunda parte, quando fala de seus contatos iniciais com o Além:



Um dos primeiros resultados que colhi das minhas observações foi de que os Espíritos, nada mais sendo do que as almas dos homens, não possuíam nem a plena sabedoria, nem a ciência integral; que o saber de que dispunham se circunscrevia ao grau de adiantamento que haviam alcançado, e que a opinião deles só tinha o valor de uma opinião pessoal.

Reconhecida desde o princípio, esta verdade me preservou do grave escolho de crer na infabilidade dos Espíritos e me impediu de formular teorias prematuras, tendo por base o que fora dito por um ou alguns deles.



Oportuno lembrar, também, a incisiva recomendação do Espírito Erasto, no capítulo XX, de O Livro dos Médiuns, reportando-se aos cuidados a serem observados por aqueles que se dispõem ao intercâmbio com o Além:



Na dúvida, abstém-te, diz um dos vossos velhos provérbios. Não admitais, portanto, senão o que seja aos vossos olhos, de manifesta evidência.

Desde que uma opinião nova venha a ser expendida, por pouco que vos pareça duvidosa, fazei-a passar pelo crivo da razão e da lógica e rejeitai, desassombradamente, o que a razão e o bom senso reprovarem.

Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade…



Observe, portanto, o prezado leitor:

O exercício mediúnico preconizado pela Doutrina Espírita está alicerçado em disciplinas muito seguras, que, observadas, nos permitem um contato produtivo e proveitoso com as almas dos mortos.

Esse intercâmbio é de valor inestimável!

Ele nos familiariza com a vida além-túmulo, dando-nos noção do que nos espera, a fim de que a morte não nos imponha penosas surpresas.

Mas é preciso discernimento, tendo sempre presente que os Espíritos do tipo “vai que dá”, só conseguem “pôr as mangas de fora” onde, contrariando a orientação da Doutrina, o estudo, a disciplina e o discernimento ainda não chegaram.



Nesses grupos, é bom não ir.

0 comentários: