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quarta-feira, 19 de maio de 2010

A MORATÓRIA

Richard Simonetti



Eronildo Gustavo era muito estimado no circulo de suas relações, particularmente na comunidade espírita da qual participava. Servidor incansável, permanecia atento aos sofrimentos alheios, procurando minorá-los com a mobilização de recursos materiais e espirituais. Na tribuna a todos encantava com seu verbo fluente e esclarecedor. Escrevia páginas belíssimas… Um dos beneficiários de suas iniciativas dizia-lhe, empolgado:

– Admiro profundamente seu trabalho. Sua atividade é altamente meritória…

– Meritória, não. Moratória.

– ?

– Estive muito doente há quinze anos. Mal grave que me ameaçava com a cadeira de rodas. Como ocorre com muita gente, procurei consolo e cura no Espiritismo. Deram-me trabalho. O mentor espiritual que me atendeu usou de franqueza: “O amigo foi muito afoito no passado. Seguiu por caminhos tortuosos. A imobilidade ser-lhe-á benéfica. Vejo, entretanto, que detém apreciáveis potencialidades. É um homem de inteligência e iniciativa. Proponho-lhe uma moratória. Restituir-lhe-emos a possibilidade de andar, mas esperamos por sua dedicação às tarefas do Bem. Mais tarde passará por uma reavaliação de seus débitos, assunto entre você e o Criador.”

– Estranho! Não sabia que podemos alterar o destino de forma tão radical. Houve uma mudança de programação em sua existência…

– Na verdade modelamos diariamente o próprio destino com nossas ações. E mesmo em relação aos grandes eventos da existência, podem ocorrer mudanças significativas, condicionadas ao nosso comportamento ou às iniciativas do Plano Espiritual em nosso benefício. Não existe fatalidade absoluta, a não ser quanto à destinação final. Fomos criados para o Bem e lá chegaremos um dia, quer queiramos ou não, porquanto é vontade de Deus, que não falha jamais em Seus objetivos.

– E a cura? Deu-se prontamente, tão logo concordou com a proposta?

– Levou algum tempo, partindo de um tratamento espiritual que me restituiu a saúde, ao mesmo tempo em que os mentores espirituais avaliavam minhas disposições íntimas, a verificar se eu estava simplesmente empolgado pelas perspectivas de restabelecimento físico ou me dispunha a servir realmente.

– E nunca pensou em desistir do serviço, após a recuperação? Parece que é comum isso acontecer…

– Não sou exceção. Também pensei em “cuidar da vida” várias vezes.

– Mas cultivou a perseverança…

– Não! Foi “paura” mesmo! Medo de retornar à situação anterior. Acabei gostando… A atividade no campo espírita nos oferece incomparáveis alegrias. Deixa a gente em paz com a existência, embora os problemas.

– Ataques ao Espiritismo?…

– Achaques dos espíritas. Não somos diferentes do homem comum. Em todo agrupamento humano há dificuldades de relacionamento. A vivência cristã, favorecendo convivência perfeita, ainda é um ideal distante.

E sorrindo, Eronildo despediu-se:

– Apesar dos percalços, tudo irá bem se mantivermos a disposição de enfrentar marés de irritação e desentendimento, evitando incorrer em marcha a ré no processo de nossa renovação.



***



Somos todos devedores em moratória. Faltam-nos condições para suportar a cobrança integral de nossos débitos para com a Justiça Divina.

Mesmo em face das parcelas módicas apresentadas, há a ação de amigos espirituais que intercedem em nosso favor, amenizando o resgate.

Nem todos, entretanto, têm condições para receber benefícios maiores. Desatentos à necessidade de lutar contra o acomodamento e a ilusão, o recurso é deixá-los com seus problemas, sofrimentos e dores, a fim de que não se comprometam em endividamento maior.

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