Do outro Lado

MARIA LUZIA ALMEIDA ROSA (*)

marluziarosa@hotmail.com

Falar em família nessa era de contradições e mudanças radicais é meio arriscado, embora sabedores de que ainda a família é a célula mãe da sociedade. Daí nasceu tudo que chamamos de relações sociais e humanas. Como é vista a nossa família hoje? Como é questionada? É avaliada? Ou só fotografias nas paredes e porta-retratos?

Hoje comentaremos alguns mecanismos que conduzem à essas transformações que chamaremos de mudanças familiares.

A peça fundamental do processo: “Pais”. Mas, parece-me que esta peça está desagregada do contexto social, psíquico, moral e espiritual. É a desagregação, a solidão, os desregramentos sociais e morais, a depressão . Será que vamos dar conta de tantas implicações? Receita pronta? Um antídoto para sanar tantas seqüelas? Já nos dizia o psicólogo norte americano Stephen Karpman: “quando as pessoas não aprendem a crescer juntas, desenvolvem personagens negativas que atrapalham suas vidas”. Muitas vezes tornamos perseguidores, salvadores e vítimas.

. Será que você está perseguindo seu filho, sempre no desejo de encontrar defeitos nele para sentir superior?É um(a)pai(mãe) super protetor(a) que não acredita na capacidade de seu(a)filho(a)? Acha que ele(a)é um(a) fracassado(a) e que não tem jeito.

Pais perseguidores exigem tanto dos filhos que acabam estourando as cordas. A rigidez pode transformar o pai no perseguidor que vive apontando defeitos e corrigindo os filhos, exigindo sempre a perfeição, não admitindo erros, falhas, considerando-se os donos da verdade. Criam filhos assustados e medrosos. Pais salvadores: superprotetores impedindo que sua corda se estique e que os filhos possam tocar a música de sua vida.Querem ser a fonte eterna de afeto e compreensão dos filhos tornando-os mimados perdidos, chatos, não aprendem superar desafios, pois recebem tudo prontinho. Não confundir afeto com superproteção. O afeto favorece o crescimento; a superproteção aniquila a motivação para crescer, castra a capacidade de autonomia e inibe a conquista da liberdade. Ser pai não é eliminar obstáculos, mas oferecer-lhes a ajuda para superá-los.

Pais vítimas: são aqueles que se sentem vítimas do destino, injustiçados, desamparados e não conseguem dar um sentido de realização á própria vida, e ensinam aos filhos que a realização pessoal é um sonho impossível. Vivem culpando os outros por seus fracassos. Seu filho merece ter um pai do qual se orgulhe.

Reaprenda a viver: nossos filhos têm a força de nos fazer recordar o que fomos um dia e nos convidam a reaprender a alegria de viver, resgatar valores perdidos. É fazer uma nova descoberta, sem medo, sem culpa, sem se preocupar com o que o outro vai pensar.A família vem sofrendo sérias modificações dentro do contexto social, gerando diversos tipos de carências humanas, que estão diretamente ligadas á perdas dos valores imateriais a favor dos valores materiais.

Educar dá trabalho. Porque do outro lado está o seu(a) filho(a).

Ser pai de uma criança é apresentá-la a ela mesma e ao mundo com carinho, atenção e respeito.

Ser pai é apresentar ao convidado não só o mundo e as pessoas mas também ele mesmo, seus sentimentos, seu jeito de ser, de agir e depois, respeitosamente, deixá-lo escolher a melhor maneira de curtir sua viagem no planeta Terra. Que tipo de anfitrião você tem sido? Quem está do outro lado?

Apresente a vida e o mundo aos seus filhos, lembrando sempre, que quem está do outro lado é “ele”, esse ser carente pedindo proteção, carinho, afeto e orientação segura. Cada pessoa, seja ela nosso filho, parceiro, sócio ou amigo, nos traz o desafio de crescer com a convivência. Está dentro de nós a capacidade e a responsabilidade por nossa realização pessoal. Não tem mais sentido os pais culparem os filhos por uma vida infeliz, nem os filhos responsabilizarem os pais por não conseguirem realizar suas metas de vida. Por isso a família é o reencontro de almas. Somos antigos companheiros de viagem. Cada um ocupando seus lugares; e aos pais cabe o compromisso de educar. Ajudá-los a desenvolver o seu potencial e habilidades com segurança e equilíbrio.

Quem está do outro lado?

-Espíritos que estão em acertos, reaprendendo a amar.

A família é a matriz de desenvolvimento psicossocial de seus membros (Costa & Penso, 2005). É o primeiro grupo a que cada pessoa pertence. O sentimento de pertencer a uma família traz para o indivíduo proteção, segurança, bem-estar e conforto.

Vamos reavaliar a nossa postura em relação aos valores da família.

O que estamos fazendo para rever esses conceitos?

O que esperamos da família do século XXI?

Como transformá-la?

Agora, é com Você.



Pesquisa:”Pais e Filhos”,Companheiros de Viagem.

Autor: Roberto Shinyashiki.



(*) Maria Luzia freqüenta o C.E. Luz e Fraternidade, em Araçatuba, SP. É evangelizadora e ministra cursos para preparação de Evangelizadores.